sexta-feira, 25 de março de 2011

No vão do amor perdido



Eleva a dor do ódio retraído pela imagem, desenvolvido pelo instinto de aproximação. Refletem os corpos a magia indescritível, porém visível da destruição. Incrementa o horror pelo suor vertendo do corpo que luta respirando a própria esperança e derrete pelo suor da sublimação.

Eleva aos céus a prece daquela que perde o fôlego diante do algoz. Esse mesmo algoz que outrora já a fez perder o fôlego com suspiros de amor, de sonhos ou de suposições. Lá onde o mar abençoa a terra, onde o espelho do céu avança sobre a areia, esse Cabral tentou aportar em outro cais. Não é beijo que seu amor permeia, não há sombra na consciência dos seus quintais. Não era o Cabral descobridor, nem o Cabral das velas portuguesas, era o Cabral dos naufrágios, dos banquetes macabros e das velas acesas. Era o Cabral de Jesus, que de discípulo não tinha nada, a não ser a vontade de pregar, não o seu mestre, mas a mãe dele: Maria. Sufocar Maria, porque seu coração corroborava com outros planos. Sufocar Maria e escondê-la no sudário dos véus profanos. Lá onde Floriano se fez cidade e a ilha se fez bela, tentaram plantar outras flores de saudade num jardim que mancha a aquarela. Quem poderia morrer de amor, senão doentios tuberculosos, assassinos patológicos, psicopatas semânticos que procuram transformar o sentido das coisas no sentido da sua própria loucura! Considerando morrer como condicionante da morte, concluímos que o ser capaz de morrer por amor, também será capaz na equivalência, de matar, convocando para sua guerra todas as hostes. Que os demônios corram em seu auxílio, que a maldade tenha compaixão. Desprezo por esse amor partilho, destino esse homem à um caixão. E ele dizia que a amava! Um amor que de amor não tem nada, mas brada apenas uma forma homográfica da representação!

Sinta! Sinta a elevação do espírito sob o esfacelamento de um corpo que desmorona por causa de uma cinta! Forca de couro, substituindo a força do ouro que como precioso metal chegou por tempos a margear a relação dos opostos! Ela o viu como um príncipe do reino perdido, ele a brindou como a próxima de uma mente doentia! Ela viu nele um texto, ele a viu como uma vírgula, acentuou o seu sinal, e tentou encerrar a frase com um ponto. O ponto que restou não foi o final, mas o de interrogação! E nós que achávamos que as cenas épicas não seriam mais tétricas, e ávidos buscávamos acreditar que não se dariam sonhos ásperos, mas sim emoções lépidas! Como enganamos nossa sensação sobre a materialização dos instintos! Morre animal grotesco, que lhe devorem os homens no seu leu labirinto! Fauno há de regozijar-se!

(referente ao caso recente ocorrido em Florianópolis - http://g1.globo.com/videos/jornal-da-globo/v/homem-tenta-estrangular-ex-namorada-no-elevador-em-santa-catarina/1466842/)