terça-feira, 30 de agosto de 2011

DEIXA EU FALAR FILHO DA PUTA


Esses porcos chauvinistas, enlameados na merda que criaram acreditam que são humanos. Roncam no rabo um do outro, e reproduzem de maneira intelectualmente nítida a última visão conservadora que ouviram. Eles moram em chiqueiros e fingem que habitam castelos. Casas de palha que não suportaria um peito do gigante que morava no pé-de-feijão.
 Não se pode pensar numa sociedade onde a opinião é crime. Não se pode responder verdadeiramente numa sociedade perfumada pelos dejetos podres da sua devassidão, expelidos pelo cu ardente de quem sentou na brasa, e no próprio pau flamejante do Diabo escreve suas meditações.
 Adúlteros e prostitutas se preocupando com os palavrões do jornal. Na manchete preferem ler ânus a cu, como se um fosse mais importante que o outro. Caso um dos dois esteja ameaçado, fugirei com a mesma determinação. Onde está a maldade da palavra dita? Nos ouvidos perniciosos e corrompidos daqueles que ajustam a ideia à vontade que possuem. Rampeiras desqualificadas, bocas inundadas pela porra da falsidade, que engolida, fecunda mais um estúpido rapaz.
Bêbados cambaleantes, freiras prostitutas, padres pederastas, pastores corruptos!  Sentem a ofensa de uma crítica aguerrida, mas cerram  os olhos diante do pedinte que estende a mão. Fecham a janela para o camelô, cospem no mendigo, salvam o papai Noel,  e gostariam de se afogar no biju e na bala do sinal. Homens que tentam resgatar o pouco da moral que se perdeu dentro de um peito manchado pelos símbolos mal interpretados. São os construtores do novo mundo que se destruíram antes da obra começar.
Caralhos saltitantes que procuram bucetas voadoras para trepar e assim foder mais alguma coisa que paira nesse universo em desencanto. Mandaram eu calar a boca, mandaram eu fechar os olhos. Prefiro a clemência de um bolso vazio do que silenciar a formação crítica que  meu intelecto colabora.
Agora provavelmente algum ignorante confesso lê o texto, recrimina por ele mesmo não estar a altura do entendimento do que eu realmente quero dizer. Ele rosna, ele baba, ele sofre com as dores intestinais de uma alma podre que inveja um gênio da composição literária. Se eu me julgo esse gênio? Uma coisa é fato: alma podre eu não tenho. 

sábado, 27 de agosto de 2011

UM CABAÇO FODIDO


Não sei se o som seria bossanovista ou rock and roll. Já não basta apenas trair o salvador, é necessário esperar para ser o próprio verdugo. E quem acha que eu falo de Jesus, idealisticamente chamado de O Cristo, vá tomar no meio do cu. Não estou sendo literal. Sequer procuro ser conotativo, apenas escrevo.
  Anseio por um espaço intuitivo para  cravar a lança no sangue do espírito bom. A cruz que carrego em meus ombros poderia estar pendurada numa corrente, amarrada ao meu pescoço enquanto pulo no mar. Caminhei sobre a prancha do navio selado, e ganhei uma casa no lote abissal.
  Poderia ser um filme em preto e branco ou a nova sensação do cinema 3D. Um legado presente de espera, ou uma ilusão adiada de promessas vãs. Como poderia saber até onde as estradas seguem, quando ninguém por elas trilha?
Rasguei os mapas que me orientavam e comi um baurete em algum Garrastazu. Que os loucos pastores entendam durante sua celebração!  Talvez com um violão eu faça melodias sísmicas ou com uma guitarra eu escreva minha canção biográfica. As cordas arrebentaram ante ao afago das bodas de Jor-El.
 É o velho complexo das noites intermináveis. Aquela angústia de um corpo que luta para se desprender. Gritar, matar a ansiedade, deixar tudo como está, correr. Não há conhecidos aqui, não há esperança como remanescente dos corpos que dizem adeus. Nada dentro dessa ordem assume a confiança verdadeira. Elástico, plástico, dinástico e drástico. Que tradição idiota! Quanta merda original. Mijo num copo para sorver o calor que sai de mim. Estão servidos das suas próprias podridões? Sentem-se! Vamos ao banquete! Seringas prontas para disparar a picada amortecedora da mordida peçonhenta.
 Deixei meus comprimidos em algum lugar, e eu os trazia como os últimos amigos de uma gangue que me acompanhou. Agora foram dispensados da tarefa de serem os pistoleiros do meu suicídio. Disparo contra minha cabeça, e com um balde recolho recortes do meu pensamento.
  Pego a caneta como quem busca uma arma para atirar. Quero derrubar os corpos diante da angústia da minha tinta! Quero manchar as ruas com as letras da solicitude vasta. Despejar o caldeirão das críticas nos pratos das crianças traumatizadas. Empurrar o paralítico na descida e gritar sorrindo que o freio quebrou. Quero infestar a consciência com as ideias que destruíram minhas ideologias.
Não compreendo até onde a ignorância pode cavar seu túnel. Ela cava um poço, perfura galerias e silencia diante da estupidez! Olhares atônitos, bocas estáticas e sorrisos que não entendem o chamado para aparecerem, ocupam o cenário desse teatro senil.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

PELOS TOQUES SAUDOSOS

Sua retina deixa palpitar os mistérios de um olhar que eu gosto de mirar. Nessas profundezas alentadoras eu poderia descansar das intensas caminhadas percorridas e sustentadas pelo meu corpo! Minhas pernas cansadas contrastam com a força da sua passada, que discretamente se aproximou e me convidou para voar junto com você!
Presenteado pelos abraços de mãos provocadoras e oferecendo meu ombro na forma de um abrigo de palpitaçõs eu me vi sem reação. A explosão do movimento ressoava como fogos que anunciam um bom ano-novo. Quis pedir para o mundo congelar seu giro, matar seu tempo e estacionar sua viagem.
Poderia  desejar a sensualidade exalando seu perfume que seria a vitória secreta do cheiro bom, poderia desejar seu corpo se correspondendo com o meu em quadris compassados pelo ritmo da libido em profusão, poderia morder suas costas em cada pedaço que me ofertasse a sensação. Tudo eu poderia fazer,  se já não o fizesse  em todos os instantes nos quais me presenteio com o sabor da sua carne jovial.
 Não há cura para a vontade de querer você! Não há cura para a vontade de desejar você! Não há cura para a doença que é imaginar você em todos os formatos, contempla-la em todas as estações, e devorá-la em todos os contatos. Se num círculo estivéssemos, eu criaria os cantos que seriam as testemunhas das viagens soturnas que fazemos embalados pelo tesão.  
Seu corpo num vale proibido, suas mãos como chaves da prisão em que me lancei. A vontade de ganhar sorrateiro cada pedido, largar a santidade no seu íntimo e com pecados matar o Frei.
Não é  apenas seu corpo, esse desnudo espaço que pranteio no universo, palco das minhas alucinações, mas também sua alma, que compartilha com a minha, a versão mais ardente de uma paixão que pode ser sentida pelos póros da pele que eu insisto em querer beijar. Decorar cada aspecto da sua superfície, me deliciar nas encostas que reclinam sobre meu dorso, especular cada pedaço dos seus tecidos, e provar faminto cada sentença do seu gosto.  
Percorrer suas linhas desenhadas em majestosa sedução, é como percorrer confortavelmente o caminho do inferno, sem garantias de que poderei voltar. É o caminho salvo da perdição, ou a perdida explicação do esquecimento. Uma satisfação visceral de lhe ver como mulher. Desejar suas qualidades, e sentir flutuar sobre meu sexo desconexo, o convexo da sua iluminação sem ser prolixo no afeto e demasiado na sedução.
Em cada ânsia por respostas, a busca de novas perguntas que norteiam a boca calada. Em cada silêncio recluso, a vontade desenfreada de entrelaçar as mãos em seus cabelos e tornar-me escravo das correntes que me prendem sem pensar.
Prenda-me se puder, arranhe-me se conseguir. Faça sangrar cada pedaço da minha vontade, faça verter gotas vermelhas que borbulhem na caldeira de um abraço infernal. Embale-me na salsa, no quarto, na cadeira ou no banco. Dance pra mim ao som do  mambo, do tango ou do merengue e talvez até do funk. Tire minhas roupas com seu olhar, e jogue em cima das suas que já tirei com o meu. Afogue toda a loucura nos baldes em que depositei minha postura. Venha, sussurre, fale, grite, aperte, envolva, desligue.
 Faça-me sapatear nos arquipélagos dos mares, e que a oração pela minha alma nunca seja ouvida pelos anjos do resgate.
A música tocava a uma distância difícil de decifrar. O rádio jaz esquecido, e o volume das suas notas jaz desprezado. O vazio e escuro espaço se fez sentir, e o nervosismo juvenil invadiu os dois corpos que ali estavam dividindo lembranças de um momento que já experimentaram. Provaram dos beijos quando estavam longe, provaram dos beijos na proximidade de uma sensação, provaram dos beijos na estampa de uma novidade, provaram as duas bocas enquanto o corpo estava são. Viveram a intensa forma da reciprocidade.
 Minha boca procurou a sua como um sedento procura o oásis pra matar a sua sede. Minha boca procurou seus lábios como um ourives  busca a pedra fundamental da sua obra. Nessa boca gostosa de beijar eu me banhei em sonhos. No cheiro do seu pescoço eu perderia todos os aromas que já senti. No perfume do seu corpo eu poderia perder todas as flores que já vi. O buquê do seu corpo é um jardim repleto de formas, cores e mistérios que instigam a penetrar cada vez mais do interior dessa selva de alertas.
Nosso desejo explodia naquela hora exata, quando a precisão do tempo foi jogada pela janela. Senti seu calor, senti a unidade da sua vontade se curvando na umidade do seu alarde. Sucumbi ao gosto pleno de uma vontade não satisfeita, mas despertada pelo desejo de possuir mais um segundo colado em sua face. Sentindo a transposição da sua alma eu pude viajar pelo seu ventre. Sentindo a alucinação da sua calma e fiz meus sentidos dormentes. E entre seu cansaço humilde e sua libido desperta eu mostrei que se faz moradia no quintal da cidade deserta.

sábado, 6 de agosto de 2011

TAMBORES ALERTAS INDAGAM, INSISTEM


A garota desastrada derrubou seus perfumes! Dessa vez não foram os fracos que fizeram vingança, mas ela soube que os frascos se vingam e se jogam com seu cheiro de doce comunhão.
Num pequeno gesto o rosto se envolveu! O rosto apenas não, o corpo todo, uma vez que gostos pela metade serão sempre uma parte do que queremos! Esperar pelo que nos conta tarde é retornar cedo à forma que tivemos... E a garota desastrada observa! Ela poderia viver a intensidade de um momento na escolha de uma sensação. Ela não precisava provar nada, ela não queria dizer nada! Sentir já era o bastante. A primeira vez nem sempre é a última chance, e cada anoitecer era uma porta para um universo de possibilidades! O mundo que se acostume com ela! Ela não se incomodava, não se incomoda. Não ouse pensar que algo a fará desistir do que quer.
Sabe o que eu acho? Eu acho o segredo de uma oportunidade a entrega mais autêntica de um momento! Por favor, me prenda, por favor me surpreenda, me super prenda e se entregue ao que cada instante quer dizer. O ideal seria o esquecimento, mas quem disse que seguimos na natureza objetiva a idealização das coisas? Não sabemos o que é perfeito! Mas a perfeição nem é nosso desejo também.
A garota desastrada lê cada linha, absorve cada frase! As palavras massageiam seu corpo com suaves toques de sinceridade que a encantam mais do que um céu estrelado. Ela conseguirá entender? Sim, ela já entendeu, e se não tivesse entendido, problema de quem escreveu, afinal o interessado sempre deve dar um jeito! Não precisa de caminhos, não precisa de atalhos, pois na simplicidade do mistério que nos rodeia palpita constantemente a essência das formas que buscamos.
A garota desastrada poderia ser desinteressada, poderia ver o mundo cair só pelo prazer do estrago, mas nos detalhes de cada vão acontecimento ela percebe que mesmo que falte o senso do bom senso, o calor de um gosto desejado arde mais do que a fogueira de São João.