segunda-feira, 8 de agosto de 2011

PELOS TOQUES SAUDOSOS

Sua retina deixa palpitar os mistérios de um olhar que eu gosto de mirar. Nessas profundezas alentadoras eu poderia descansar das intensas caminhadas percorridas e sustentadas pelo meu corpo! Minhas pernas cansadas contrastam com a força da sua passada, que discretamente se aproximou e me convidou para voar junto com você!
Presenteado pelos abraços de mãos provocadoras e oferecendo meu ombro na forma de um abrigo de palpitaçõs eu me vi sem reação. A explosão do movimento ressoava como fogos que anunciam um bom ano-novo. Quis pedir para o mundo congelar seu giro, matar seu tempo e estacionar sua viagem.
Poderia  desejar a sensualidade exalando seu perfume que seria a vitória secreta do cheiro bom, poderia desejar seu corpo se correspondendo com o meu em quadris compassados pelo ritmo da libido em profusão, poderia morder suas costas em cada pedaço que me ofertasse a sensação. Tudo eu poderia fazer,  se já não o fizesse  em todos os instantes nos quais me presenteio com o sabor da sua carne jovial.
 Não há cura para a vontade de querer você! Não há cura para a vontade de desejar você! Não há cura para a doença que é imaginar você em todos os formatos, contempla-la em todas as estações, e devorá-la em todos os contatos. Se num círculo estivéssemos, eu criaria os cantos que seriam as testemunhas das viagens soturnas que fazemos embalados pelo tesão.  
Seu corpo num vale proibido, suas mãos como chaves da prisão em que me lancei. A vontade de ganhar sorrateiro cada pedido, largar a santidade no seu íntimo e com pecados matar o Frei.
Não é  apenas seu corpo, esse desnudo espaço que pranteio no universo, palco das minhas alucinações, mas também sua alma, que compartilha com a minha, a versão mais ardente de uma paixão que pode ser sentida pelos póros da pele que eu insisto em querer beijar. Decorar cada aspecto da sua superfície, me deliciar nas encostas que reclinam sobre meu dorso, especular cada pedaço dos seus tecidos, e provar faminto cada sentença do seu gosto.  
Percorrer suas linhas desenhadas em majestosa sedução, é como percorrer confortavelmente o caminho do inferno, sem garantias de que poderei voltar. É o caminho salvo da perdição, ou a perdida explicação do esquecimento. Uma satisfação visceral de lhe ver como mulher. Desejar suas qualidades, e sentir flutuar sobre meu sexo desconexo, o convexo da sua iluminação sem ser prolixo no afeto e demasiado na sedução.
Em cada ânsia por respostas, a busca de novas perguntas que norteiam a boca calada. Em cada silêncio recluso, a vontade desenfreada de entrelaçar as mãos em seus cabelos e tornar-me escravo das correntes que me prendem sem pensar.
Prenda-me se puder, arranhe-me se conseguir. Faça sangrar cada pedaço da minha vontade, faça verter gotas vermelhas que borbulhem na caldeira de um abraço infernal. Embale-me na salsa, no quarto, na cadeira ou no banco. Dance pra mim ao som do  mambo, do tango ou do merengue e talvez até do funk. Tire minhas roupas com seu olhar, e jogue em cima das suas que já tirei com o meu. Afogue toda a loucura nos baldes em que depositei minha postura. Venha, sussurre, fale, grite, aperte, envolva, desligue.
 Faça-me sapatear nos arquipélagos dos mares, e que a oração pela minha alma nunca seja ouvida pelos anjos do resgate.
A música tocava a uma distância difícil de decifrar. O rádio jaz esquecido, e o volume das suas notas jaz desprezado. O vazio e escuro espaço se fez sentir, e o nervosismo juvenil invadiu os dois corpos que ali estavam dividindo lembranças de um momento que já experimentaram. Provaram dos beijos quando estavam longe, provaram dos beijos na proximidade de uma sensação, provaram dos beijos na estampa de uma novidade, provaram as duas bocas enquanto o corpo estava são. Viveram a intensa forma da reciprocidade.
 Minha boca procurou a sua como um sedento procura o oásis pra matar a sua sede. Minha boca procurou seus lábios como um ourives  busca a pedra fundamental da sua obra. Nessa boca gostosa de beijar eu me banhei em sonhos. No cheiro do seu pescoço eu perderia todos os aromas que já senti. No perfume do seu corpo eu poderia perder todas as flores que já vi. O buquê do seu corpo é um jardim repleto de formas, cores e mistérios que instigam a penetrar cada vez mais do interior dessa selva de alertas.
Nosso desejo explodia naquela hora exata, quando a precisão do tempo foi jogada pela janela. Senti seu calor, senti a unidade da sua vontade se curvando na umidade do seu alarde. Sucumbi ao gosto pleno de uma vontade não satisfeita, mas despertada pelo desejo de possuir mais um segundo colado em sua face. Sentindo a transposição da sua alma eu pude viajar pelo seu ventre. Sentindo a alucinação da sua calma e fiz meus sentidos dormentes. E entre seu cansaço humilde e sua libido desperta eu mostrei que se faz moradia no quintal da cidade deserta.

Um comentário:

Tainara Siqueira disse...

"..também sua alma, que compartilha com a minha, a versão mais ardente de uma paixão que pode ser sentida pelos póros da pele que eu insisto em querer beijar."

"Desejar suas qualidades, e sentir flutuar sobre meu sexo desconexo, o convexo da sua iluminação sem ser prolixo no afeto e demasiado na sedução."

"No cheiro do seu pescoço eu perderia todos os aromas que já senti."

Beijos da Pequena Taii haha ;@
Caaail