sábado, 27 de agosto de 2011

UM CABAÇO FODIDO


Não sei se o som seria bossanovista ou rock and roll. Já não basta apenas trair o salvador, é necessário esperar para ser o próprio verdugo. E quem acha que eu falo de Jesus, idealisticamente chamado de O Cristo, vá tomar no meio do cu. Não estou sendo literal. Sequer procuro ser conotativo, apenas escrevo.
  Anseio por um espaço intuitivo para  cravar a lança no sangue do espírito bom. A cruz que carrego em meus ombros poderia estar pendurada numa corrente, amarrada ao meu pescoço enquanto pulo no mar. Caminhei sobre a prancha do navio selado, e ganhei uma casa no lote abissal.
  Poderia ser um filme em preto e branco ou a nova sensação do cinema 3D. Um legado presente de espera, ou uma ilusão adiada de promessas vãs. Como poderia saber até onde as estradas seguem, quando ninguém por elas trilha?
Rasguei os mapas que me orientavam e comi um baurete em algum Garrastazu. Que os loucos pastores entendam durante sua celebração!  Talvez com um violão eu faça melodias sísmicas ou com uma guitarra eu escreva minha canção biográfica. As cordas arrebentaram ante ao afago das bodas de Jor-El.
 É o velho complexo das noites intermináveis. Aquela angústia de um corpo que luta para se desprender. Gritar, matar a ansiedade, deixar tudo como está, correr. Não há conhecidos aqui, não há esperança como remanescente dos corpos que dizem adeus. Nada dentro dessa ordem assume a confiança verdadeira. Elástico, plástico, dinástico e drástico. Que tradição idiota! Quanta merda original. Mijo num copo para sorver o calor que sai de mim. Estão servidos das suas próprias podridões? Sentem-se! Vamos ao banquete! Seringas prontas para disparar a picada amortecedora da mordida peçonhenta.
 Deixei meus comprimidos em algum lugar, e eu os trazia como os últimos amigos de uma gangue que me acompanhou. Agora foram dispensados da tarefa de serem os pistoleiros do meu suicídio. Disparo contra minha cabeça, e com um balde recolho recortes do meu pensamento.
  Pego a caneta como quem busca uma arma para atirar. Quero derrubar os corpos diante da angústia da minha tinta! Quero manchar as ruas com as letras da solicitude vasta. Despejar o caldeirão das críticas nos pratos das crianças traumatizadas. Empurrar o paralítico na descida e gritar sorrindo que o freio quebrou. Quero infestar a consciência com as ideias que destruíram minhas ideologias.
Não compreendo até onde a ignorância pode cavar seu túnel. Ela cava um poço, perfura galerias e silencia diante da estupidez! Olhares atônitos, bocas estáticas e sorrisos que não entendem o chamado para aparecerem, ocupam o cenário desse teatro senil.

Um comentário:

Tainara Siqueira disse...

"Empurrar o paralítico na descida e gritar sorrindo que o freio quebrou."

" O Cristo, vá tomar no meio do cu. Não estou sendo literal. Sequer procuro ser conotativo, APENAS ESCREVO."

Beijos amado
Caaail