sábado, 23 de abril de 2011

RETROVISORES QUEBRADOS


Uma frase, um dizer. Verdades que foram mas deixaram de ser. Num instante as impressões das mãos, as digitais do corpo estavam em minha alma, e no outro instante elas já tinham se perdido em algum lugar das lembranças.
Parece que nem tudo foi dito, parece que palavras ficaram por dizer. Talvez a segurança tivesse seu esconderijo naquele ponto onde não se vê o coração. Talvez o silêncio fosse omisso e quisesse apenas um pouco de oração. A noite então fechou seus olhos diante dos seus menores que caminharam perdidos na escuridão.
Um abraço que não era mais esperado, um conforto que não buscava mais satisfação, um olhar disperso e vago que já foi sinônimo de comoção.
Um cheiro ainda atraente, mas expulso das narinas que não querem um perfume nostálgico trazido em sinal de adoração. Tiro as mãos do meu rosto e seguro o volante para prosseguir. Esqueço você nessas horas, apago sua imagem dos meus sonhos para que você possa dormir!
Penso que pensei ter encontrado a eternidade. Descobri a fórmula permanente da certeza. Era muito simples saber que uma tarde, se misturada ao sol da manhã traria a força de um dia. O sol misturado ao mar traria o peso do para sempre e sempre.
Nessas horas eu pergunto para as estações, eu pergunto para os castelos: Que alma é feita de magia? Que alma é sem defeitos? Onde está a boca que minha boca sacia? Onde estão os trajes que trouxeram o seu jeito?
Nesse exílio que se martiriza em fogo brando, encontra-se tombada, encontra-se cansada! Tomada pela angústia minha vida pergunta, e as respostas não estão a solta, as respostas estão no gosto guardado num baú escondido sob as promessas ditas de uma desculpa vazia.
Eu, mochileiro das canções guardadas, caminhava com as mãos soltas nos bolsos gastos que nada traziam a não ser um rolo de esperança. Vendi meu sorriso, dei minha alegria. Estiquei minhas mãos em direção ao incerto, e abracei a primazia.
Conversas e segredos em uma tumba de ressurreição, sob o céu com a musa e seu instante ideal. Sonhei com olhos insensatos. Dei nome aos céus, apontei os pingos do fogo eterno. Respirei o calor das madrugadas e num rosário de rimas descobri o Centauro, as Marias, a Vênus imóvel. No meu albergue, brilhava o céu escuro.
Sentado nos bancos do meu carro eu só ouvia o raspar dos pneus no asfalto frio, a rudeza das rodas que saiam. Odor de rosas, vinho vigoroso perseguiam minha prosa, traziam a poesia para meu dorso.
Ali, entre inúmeros ombros fantásticos, conheci aquele descoberto e escondido corpo. Rimava com o débil tempo dos elásticos e com os meus sapatos fizeram coro doloroso.


Um comentário:

Tainara Siqueira disse...

"Penso que pensei ter encontrado a eternidade. Descobri a fórmula permanente da certeza. Era muito simples saber que uma tarde, se misturada ao sol da manhã traria a força de um dia. O sol misturado ao mar traria o peso do para sempre e sempre." Lindo vc. Caaail