
Alguém aqui busca um público para agradar? Alguém aqui está sendo calouro nessa festa popular? Não! Afirmo e grito: Não! Somos quem podemos, e o que as circunstâncias nos permitem. Por mais alto que o pássaro possa voar, sua condição nunca será diferente. Por mais que Fernão Capelo Gaivota aprendesse a nadar, ele não se transformaria num peixe por causa disso.
A lua busca, em seu ardor noturno, refletir os raios de sol que não são seus, mas, de um dia que nasce para o outro lado do mundo. E não importa que grunhidos você emite ao ver tudo isso. Nessa selva de animais selvagens, me fiz caçador de oportunidades e tentei sobreviver, quando tudo o que eu sentia era o cheiro da caça tentando virar predador. Tive que segurar firme meu rifle, cercar-me de munições certeiras, e mirar numa cena sórdida. Fechei os olhos quando atirei, e captei apenas os altos sons, que foram engolidos pela terra, enquanto ela me agradecia pelo que tinha feito. Saí das fileiras da preocupação, para ocupar as filas inibidas das sensações. Já perdi muitas chances tentando provar que a maior prova era ao mesmo tempo a maior condenação. Subi nas pilastras e nos parapeitos dos casarões coloniais, apenas para tentar ver, aquela jovem de tranças feitas, colhendo trigo em seus trigais. Hoje me sinto como o bajulador de um chefe desempregado. Como o fígado de um bebedor inveterado. E sei que não preciso mais acordar para mostrar para os outros que não estou dormindo. Descanse na sua insensatez. Descanse de braços cruzados, já que é o melhor a se fazer. Se for apontar sua mão, mude a direção dos dedos, do contrário serei obrigado a cortar a mão, arrancar o braço e queimar seus segredos. Da pira do esquecimento ninguém conseguiu fugir. Não pedi que me ouvisse, que visse talvez. Mas agora que já terminou saiba que não espero, não quero e nem vou passar a minha vez.
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