
A visita da morte se deu há tempos, e ela levou rebentos em seus sonhos matinais. O cemitério estava com seus portões abertos, mas não queria buscar ninguém. Talvez estivesse ausente, toda forma decadente, levantando-se apenas espíritos celestiais. Abri os braços, vi o Cristo, e quis pular no imenso universo que minha alma estava criando. Não havia presente, não havia futuro, apenas um passado, que dentro do espaço permitido estava se recriando. Não pensei em avisos, não pensei em sobras, não pensei em juízos e nem preparei manobras. Sobre os vasos tombados, sem flores ou recados, me senti senhor de tudo que via. Na hora certa da noite, com os ponteiros trocados, senti que algo muito poético surgia. Em vogais separadas por consoantes desgovernadas, vi que era possível transformar em chocolate quente, a viagem que até então estava fria. Os quadros de punk´s, pintados sob a intensa vontade do desejo, ocuparam num rápido lampejo, todo o corredor da galeria. Julio César, Marco Antonio e Cleópatra, recuperaram seus passos na história, se encontraram num recorte doce da vitória, deixando a água verter viva da fonte de outras glórias. Fotos que câmeras não tiraram, puderam escrever sons que os músicos não pensaram. Fixei a figura numa câmara escura, que bebeu do momento revelador, imprimindo o contraste nítido de sua figura, testemunha ocular e objetiva de todo seu fulgor. Não contaram os passos, não contaram as pedras, abasteceram o espaço, e quebraram todas as regras. Beberam da taça do fogo, que o sabor de menta proporcionava. Escondidos da própria sorte, celebrando o sul e o norte, ao som da corda que então vibrava. Escreveram espaços siderais, acertaram estrelas, e de Veneza entupiram os canais. Dançariam na chuva se pudessem, visitariam a Casablanca de quisessem, e entregariam ao cidadão Kane seu segredo, caso houvesse. Eram os deuses generais, e a odisséia do espaço se escrevia a cada passo, que num tom forte de abraço acabaria. A luz ameaçou o dia, os carros ocuparam a rua deserta. E monte sagrado se converteu numa rodovia. Não foi apenas um encontro. Corpos se encontram. Foi um culto xamânico, porque mentes, quando juntas, celebraram! Inteligências se cruzam, cérebros se alegram. A fumaça, que fazia névoa por toda a rua, trazia consigo a alma de cada corpo, deixando a cabeça nua. A razão encontrava razões, e juntas afirmavam o papel sublime da ação. Caras, mãos, bocas, braços, e acima de tudo, um prazer em compartilhar o espaço inquieto das almas, que viajam para matar a saudade e tentar encontrar a verdade que aquece e acalma.
3 comentários:
"Verdade que aquece e acalma", eis um termo super bem utilizado no seu post, e que nos leva a diversos modos de pensar afinal, a verdade acalma, aquece, tranquiliza, além de uma série de outras sensações de bem estar, serenidade, proteção, etc.
Parabéns!
PS: Estou de volta com o blog \o
A verdade sempre será a verdade, seja ela em devaneios ou na dura realidade. Parabéns mais uma vez.
Restou para mim, a veneração do mais puro e valioso conjunto: O cérebro.Parabéns! tenha certeza que vc ficou com a melhor opção, pois o homem que acha que a mulher é só bunda e peito é poque não encontrou seu próprio cérebro.Parabéns mais uma vez.
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