
Exposição de máquinas, que esquecidas não puderam retratar aquilo que fotografia alguma poderia prender. O gelo da timidez se desfez diante do fogo que envolvia o espetáculo altivo e determinado. Arte clássica, que das veias eternas de Michelangelo foi rebuscado. Esculpido nos mármores de Carrara, e da longínqua esfera dos sonhos, resgatado.
A embriaguez dos momentos sóbrios deixou o céu entorpecido de harmonia.
O admirador da escultura em cobre virou poeta, o poeta virou curandeiro, e o curandeiro ressuscitou Camões. Substituiu a potência interessante dos construtores, por rimas e tônicas que resplandecem os mesmos valores.
Escapam-se as ilusões, ficam as vertigens. São lembranças nítidas desse teto, que do alto do céu deixa resplandecer os pequenos buracos do paraíso. Telhado pisado pelos pés sonhadores que vaguearam uma noite a mais. A vida reencarnou no mesmo lugar. A Fênix alçava seu vôo e brilhava sob o calor celestial.
O sol, um círculo vermelho preso no alto, é aceso pelo cuidado das mãos que são deixadas de lado em favor da boca, que suplica num tom lírico de oração o sabor querido da aurora. Outros sóis se levantam, outros círculos se fazem, enquanto a música das 4 estações norteia cada aspecto sensível, submetido a libido temporal. Cada instante era constituído da estranha matéria desconhecida que forma nossos sonhos. Foi a própria doçura, que em vidros molhados pelo calor, trouxe novas respostas para as velhas perguntas, esclarecidas na tela escura que de tão intensa era apreciada com sabor.
Aproveita-se a juventude, essa nobre embriaguez sem vinho. Esconde-se a idade para ocultar a consciência. Cultua-se as taças, que já foram partilhadas com Padres, e honradas nas mesas redondas, onde os Cavaleiros das Santas Armaduras já se enterraram em amargura, e hoje buscam o tom certo dos nuances.
Eternidade com sentido reluzente, torna límpido o aguardo ausente. Um toque apenas. Uma voz de espera. A semente que a terra guarda pela sua própria vontade. Os pássaros que seguem os passos do vento, e sabem que a resposta se encontra no primeiro farfalhar das asas douradas e molhadas de suor.
Voam pela estrada que deita e se dobra diante da passagem. Reservam para si tanta liberdade, que nada poderia adentrar ao universo solto dos passos distintos, descartados sob a tutela de uma dança que ronda o amanhecer.
Sentam-se em seu próprio júbilo celebrando o pensamento que é garantido somente pela certeza de não pensa-lo. Aguardam os atores que nunca chegaram. Retomam o roteiro que nunca ensaiaram.
Constroem diálogos com risos animados, e passeiam pelas curiosidades submetidas ao desejo, como Vercingentorix a Caio Julio César prostrado, como a escuridão dissipada com um lampejo.
Desejariam que a água fria fosse por hora água quente. Desejariam ver o mundo aberto em sinais de trânsito livre, como espelhos que giram com um simples tocar de mãos, e transformam a curiosidade em satisfação, sem que alguém obrigue.
Aproveitam a vida. Consideram-na uma verdadeira infância da imortalidade. Não percebem o tempo, esse senhor das suas próprias horas e rumor das suas próprias causas. O algoz das longas esperas e das curtas demoras. Quanto mais se implora pelo retorno dos ponteiros, mais eles se distanciam, tornando as horas, apenas uma mentira, que por vaidade é mantida, nem que seja por um instante apenas.
Criam seus abrigos submersos. Sentam-se à mesa de Poseidon, saboreiam a delícia lisonjeira, da pérola escondida sob o toque divinal. Vigilantes escondem seu verdadeiro sentido. Tornam o achado, um culto celebrado ao objeto perdido, e finalmente tornam as palavras fundo para um livro que já foi lido.
Em prosas abertas de laços poéticos, aguardam a frase perfeita que por hora despenca. Em jardins de terras férteis, plantam suas rosas, colhem as orquídeas, dispensam as ervas tolas e queimam as avencas.
Assim se deu na história o mês de Julho. Foi dessa maneira que os querubins alados deixaram o paraíso e se puseram à mercê das poesias derradeiras. Assim se firmou o brado, e se estabeleceu o ritmo que acompanhou as gotas da chuva e as transformou em vertentes corredeiras.
Um comentário:
Em prosas abertas de laços poéticos, aguardam a frase perfeita.Enquanto houver poeta sempre haverá frases pefeitas.
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