terça-feira, 29 de dezembro de 2009

ESSA MERDA TODA


São sinais que ficam na cidade. Numa cidade que se perde dentro das suas próprias convicções de virtude, abandonando a República. São sinais das mãos, que abertas e sangrando lembram o Cristo pregado na cruz. Não o Cristo Deus, e sim o Cristo homem. Exposto aos pecados, riscos, erros, enganos e volúpias.

Peregrinaram pela Galiléia, pela Palestina talvez. Tornaram o confronto das forças audazes o principal objetivo da sua informação. Fizeram milagres, curaram enfermos e cavaram o túmulo que sepultou toda forma de inquietação. São apenas sinais que ficam na cidade. São apenas cidades que se perdem dentro de um só.

A cidade brilha na escuridão criada pela estupidez. Borbulhas gotas de luz, temperadas pelo amargo sabor daquilo que se prova e se rejeita. As luzes refletem a abóboda celeste. São elas a própria abóboda encantada, simulando um reflexo de si.

Iluminam o templo construído pelo grande arquiteto. Nessas noites de indagações, minha resposta é única resposta que concilio com meu bem estar! O meu templo é o único corpo seguro para rezar. Elevo aos céus humilde prece, enquanto o frágil som ecoa pelo ar. Elevo aos homens suas benecies. Espero o trem que vai me levar.

A Estela que Hamurabi deixou escrita, poderia muito bem percorrer o tempo, viajar pelo universo paralelo e infinito. Quem sabe era ela a pedra negra da Odisséia de Kubrick? Ou talvez fosse ela a pedra usada pelos primeiros primatas na busca pelo fogo que aqueceu, ardeu e queimou as primeiras folhas do despertar da humanidade.

A Cruz permanecia elevada, mesmo com as pedras que rolavam pela montanha. Os peregrinos desavisados, escorregavam pelo caminho íngrime. Caiam, despedaçando seus corpos, que nunca acumularam mais do que poeira e água suja. Deixavam seus pertences aos cuidadosos guardas da estrada. Muitos não levavam vinho, não traziam óleo, mas tentavam se candidatar ao posto de guardiões da saúde espiritual.

Saúde espiritual?

O corpo precisa de alívio.

A alma precisa de conforto.

O corpo precisa de abrigo.

A alma jaz num ponto morto.

Anjos, principados e potestades anunciam o dia do Juízo Final. Preparem as pedras! Preparem a lista do julgamento que se escreve sob o júdice de quem proferiu a última sentença.

Indecisos jurados sentarão diante do trono. Réus ignorantes se afundarão nas suas declarações. Será dado o veredicto! Será dado o veredicto!

Acima de todas as infâmias praticadas pelos mortais, estarão os sonhos alados da humanidade. Serão contados os segredos dos deuses, aos próprios deuses generais.

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