sexta-feira, 12 de setembro de 2008

A UNICIDADE DO MISTÉRIO QUE NOS RODEIA


Contemplamos de maneira inquieta a nossa vida, sem entender como os mistérios rondam o nosso ser. Desconhecemos em última análise nossa capacidade criadora, e procuramos entender o universo que nos rodeia em a mínima noça de como verdadeiramente ele nos rodeia. Nessa busca interminável, acabamos tropeçando em nossas próprias inquietações e indagações, como se pudéssemos alterar um minuto apenas do nosso percurso. Nos prendemos em idéias, que nada mais são do que pensamentos expressos anteriormente, e que por oportunismo, ganharam alguma credibilidade. Muitas vezes fazemos de nossa vida um caderno de anotações repetidas, e não damos o toque mágico da inovação, abolindo assim as virtudes mantenedoras de nosso caráter. Acabamos percebendo um dia, que a escravidão tomou conta de nossas entranhas, quando observamos que nada de verdadeiramente nosso conseguimos deixar. Fomos nesse tempo todo, apenas filhos de idéias e revoluções, mas as armas nunca estiveram em nossas mãos. Estamos cercados por ações e pensamentos inexplicáveis. Quantas perguntas! Quanta coisa ainda há para fazer!
Por vezes, apenas sentimos, outras vezes o querer sentir acaba sendo mais forte, mas o que se passa aqui dentro nunca conseguiremos entender. Pode ser insatisfação, melodia simples, poesia falha ou pura distorção, pode até ser uma imagem obsoleta do real, mas a verdade é que estamos impossibilitados de receber uma luz sobre tudo o que se passa.
Seria um exagero dividir as dúvidas de uma cabeça chata e animal. Sei que cada resposta está vestida com as roupas majestosas de uma nova pergunta, que assume uma forma cada vez mais complexa e indecifrável. O ponto de interrogação ronda minha cabeça, como o leão ronda sua presa, esperando a oportunidade certa de atacar, deixando um vazio ainda maior no vácuo de matéria escura e letra morta que insiste em permanecer, formando em mim os alicerces sólidos de sua construção.
Até penso ser possível ficar assim. Acabo percebendo que não há alternativa certa para buscar. E justamente nesse momento que o conjunto de nossas reações e emoções oscila verbalmente, demonstrando essa inquietude misteriosa das palavras, que apenas tentam, sem sucesso, explicar o vazio do existir. Se a existência se fundamenta numa base sólida, isso eu não sei dizer. Apenas posso afirmar que o desejo, muitas vezes insano, de que isso seja verdade é uma constante manifestação de esperança, servindo como ópio, entorpecendo nossos olhos com as magnitudes das ilusões reais.

Um comentário:

Nazita disse...

"Fomos nesse tempo todo, apenas filhos de idéias e revoluções, mas as armas nunca estiveram em nossas mãos."
Essa parte tá parecendo Gabriel Garcia Marquez em Cem anos de solidão haha
(entenda como um elogio)
Bjos!
Natália Perin (a "open legs")