sexta-feira, 13 de junho de 2008

DESCUMPRINDO PARA CUMPRIR (se puder, repasse)

Acho interessante a moral ocidental. Somos frutas podres com aparência de apetitosas. Valorizamos o terno e belos sapatos num país onde os maiores escândalos são cometidos justamente por pessoas que portam tal vestimenta. É como se precisássemos lutar contra o próprio instinto. Quantos gostariam de extravasar, gritar, correr, berrar por liberdade, mas se sentem inibidos pelo modo que estão cercados!
Devíamos professar o livre pensamento, o livre poder, o livre fazer. Cada um deveria ser ensinado apenas a medir a extensão da própria atitude, e assim procurar conduzir seus atos. Falsos valores e falsos amores estão presentes em nossas vidas. Valores de aparência, valores de formação.
Um exemplo típico a ser usado é o do chamado “palavrão”. Os mais velhos acham absurdo ouvir o palavreado da juventude. Claro que perdemos um pouco da beleza da conversa e da comunicação, mas a repressão sempre existe quando soltamos uma palavra considerada de baixo calão. Hipocrisia! Que mal haveria em palavras proferidas, desde que a importância dada a elas não existisse? Atribuímos tanto valor a norma culta, que quando ouvimos algo diferente achamos que nossos ouvidos são agredidos! Pura invenção social. Caeci sunt oculi, si animus alias res agit (os olhos são cegos e o espírito se ocupa de outras coisas). É uma verdade imaginar que todos, quando caminham por uma rua, e sem perceber acabam dando uma topada numa pedra, gritam ou pelo menos pensam: Filha-da-puta!. Ninguém irá soltar uma expressão tipo: Ai, choquei meu pé contra esse objeto sólido, e a dor provocada foi imensa! Somos impulsivos, e nosso instinto quer dar a dimensão da dor de uma maneira que fique fácil compreender como aquilo nos feriu. Não quero com isso afirmar que devemos desenfrear nossa boca e soltar as palavras conforme elas surgirem. Isso é um ímpeto perigoso. Mas quero contestar os valores superficiais que nutrem o espírito da sociedade e alertar para o fato de que existem coisas mais importantes para direcionar os nossos olhos. Aquila non captat (ou capit) muscas (a águia não cata (ou pega) moscas. Existem pratos mais apetitosos e coisas mais importantes.

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