sábado, 14 de junho de 2008

MUITO PRAZER, SOU SER HUMANO ( se puder, repasse)

"O prazer é uma canção de liberdade, / Mas não é a liberdade / É o florescer dos vossos desejos Mas não é o seu fruto / É uma profundeza que atinge uma altura, / Mas não é o profundo nem o alto / É o que está na gaiola que alça seu vôo / Mas não é o espaço contido.” (Khalil Gibran)
O que é a vida senão uma busca intensa por momentos de felicidade e de gozo? Nossos desejos, sejam quais forem, tendem em sua grande maioria, a ser uma procura louca por um sentimento de bem estar. Mas ao longo do tempo qualificamos esse bem estar na idéia dicotômica do certo e errado. As esferas de poder contribuíram definitivamente para tal transformação. Foram elas as responsáveis por dizer o que era lícito ou não. E assim fomos criando ao longo dos anos as punições para o que sentimos.
O prazer traz a felicidade, e a felicidade traz a sensação de liberdade, de podermos tudo, de sermos o máximo! Isso torna o homem perigoso. Um ser independente, dificilmente se deixa dominar de maneira fácil. Se nos tornamos independentes em caráter, em moral, em encontrar a felicidade, não permitiremos que as esferas dogmáticas atuem sobre nós, então seremos o que nenhuma instituição de poder gostaria que fôssemos: auto-suficientes. Isso seria gravíssimo, pois precisamos ser alienados às verdades que nos transmitiram como sendo imutáveis, mesmo que ela seja apenas um ponto conveniente e que melhor enquadra o desejo de nos tornar servos a serviço de uma máquina de dominação! Afinal, o homem entrou em pecado quando passou a desejar conhecer o bem e o mal. Que coisa mais ridícula! Punir o ser humano pelo fato dele sentir coisas que não estejam necessariamente ligadas ao prazer religioso e a moral religiosa. Para muitas instituições a verdadeira felicidade somente será encontrada quando o homem encontrar-se com a divindade. Pois essa divindade habita dentro da capacidade de cada um de viver e buscar a vida. Quando transferimos a alguém o direito de nos defender ou de nos conceder algo, estamos automaticamente negando a nós a possibilidade de fazê-lo. Assim, se tudo esperamos, nada buscaremos. Isso torna o homem de fato uma figura mínima diante das coisas. Colocamos o peso e a essência do universo em figuras abstratas para as quais passamos a devotar nossa experiência de vida. Essas figuras passam a ser explicadas e defendidas por uma tentativa de religar o homem ao cosmos, daí a palavra religião. As instituições religiosas muitas vezes servem como um instrumentos de limitação, de controle e de orientação de conduta. Transformam-nos em cordeiros num mundo habitado por lobos.
Nessa selva de animais, prefiro ser o caçador, mesmo que condenado por meus crimes, e marcado pelos meus anos de exageros.

2 comentários:

Unknown disse...

Adorei o texto!

Maya disse...

Eu acho que esta questão da liberdade é muito mais profunda. Todo homem tem o desejo de ser livre, mas por ele estar vivendo em sociedade, essa "liberdade" tem limites; mas muito poucos os respeitam. As instituições religiosas - acho até que as crenças em geral - impõe esse limite ao homem - seja pelo medo, seja pela força. Eu não gosto de nenhuma instituição destas, mas eu tenho que reconhecer que elas conseguiram impor aos homens o dever de respeitar os limites do próximo; e até que o homem vire REALMENTE um ser racional e tenha consciência de que o seu semelhante é, junto com ele, parte de um único todo, estes orgãos podres continuarão a existir.

Maya Fernandes - Alfa Foz