segunda-feira, 21 de julho de 2008

CAMPOS FLORIDOS DE LAMENTAÇÕES

Dói quando o não dar certo deixa de habitar o campo das possibilidades e passa para a trilha das certezas!Lamento!
Lamento pelas notas que não soaram, pelas lembranças que não surgiram, pelo gosto que não se sentiu, pelo nada que se derrubou. Lamento pelas histórias que não se criaram, pelos risos que não foram dados, pelos planos que não se concretizaram pela estrada que sobrou. Lamento pelo vazio que ficou, pela falta que fez, pela ocasião que tombou, pelo soldado alvejado no campo de batalha sem tempo de outra vez olhar para o céu que o viu nascer. Lamento pelo tempo, que antes livre, agora corre como um louco e despreparado, preso por um relógio que não viu acontecer. Lamento pelas lembranças que apenas ficaram, pelos olhos que abriram e jamais se fecharam, pela folha seca que não verá outra primavera e jamais poderá florir outra vez.
Só espero que as lembranças, simples lembranças não sejam uma ordem expressa ao anjos para que retirem sua cavalaria do campo de batalha por estar a luta finda. Ainda posso ver o mundo do jeito que sonhei ver? Ainda posso sonhar com os corações que há muito deixaram de palpitar? Será que essa vida soberana e reinante quer deixar para trás apenas seu castelo? Será que as esperanças mudam com o passar dos dias? Peço aos meus lábios diariamente que possam dizer ao Rei que este pobre servo envia desejos ardentes de melhoras, e beijos tão fortes como uma armadura intransponível.
O assalto das idéias do paraíso me surpreendem ao acordar. Idéias de um fruto não comido! Uma cadeira de balanço embalada pelos ventos da utopia vencida, uma cadeira de balanço sem um sonhador. Um balanço perdido no descompasso da cadeira sem sorriso, sorrisos estes que foram depositados numa cesta cheia de lembranças vazias. Um violão sem cordas com notas dissonantes numa música sem melodia. Risadas e sorrisos que perderam o eco e a vibração. Deixaram apenas o eco do silêncio abrupto e concentrado, equilibrado numa monótona página de conversação.
Nada mais sobrou nesse campo desmedido, além de soldados desconhecidos que impedem com suas armaduras o verdadeiro amanhecer. A única planta que hoje sai da terra traz um sentimento que machuca, traz espinhos que fazem sangrar meu rosto quando numa tentativa impensada eu imaginei que pudesse sentir o cheiro da rosa desfolhada. Viro meu rosto buscando em vão me defender. Tento olhar para onde não precise reconhecer a dor que sinto em lágrimas vertidas desde a noite escura até ao amanhecer. E estes olhos que hoje choram também estão a mirar a janela de onde se espera venha à esperança e a resposta bela num sorriso flamejante que faça soar retumbante o som de uma vida bela. Aguardo pelos dias afora, os quais tenho pressa de viver. Aguardo pelos instantes válidos a demora que possa esclarecer onde fui depositar meus sonhos e derradeiros desenganos que estavam prestes a acontecer. Venha logo abrir o coração que o desprezo descartou, busque a lembrança perdida que o desejo desprezou, e no lugar da alma vencida pela vida em plena dor, encontrarás a vida refletida nos olhos de um navegador. Não fique longe nesse inverno, chega logo vem mais perto, quero tê-la em meu outono. Mando lembranças de um corpo aflito que hoje, na clareza do incerto já teve um aspirante dono.

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