sexta-feira, 18 de julho de 2008

O AR SOMBRIO QUE NOS ENVOLVE


Nossas mãos estão lavadas pelo sangue que brotou da terra,
Clamam por socorro na rua vazia, dentro da capela,
Assistidas por arcanjos, anjos, santos e velas que nada pedem, que nada vivem, apenas esperam pelos passos firmes
Do salvador purificado, do querubim regenerado, guardado em silêncio,
Mudo calado, aberto para o sonho e para a vida fechado,
Olhando as manhãs purificadas pelo incenso da procissão, saiu o veneno.
Desce a ladeira, levando a espinheira, mantendo-se entre o sim e o não,
Nos passos fiéis, repletos de fé e ardente fervor,
Brotando as lágrimas da emoção do zelo e do ardor.

Quantos peregrinos almejam sua salvação eculpados, clamam por absolvição?
Quantos aflitos cambaleantes, temerosos, suplicantes buscam o perdão?
O gemido tímido e calado dos cantos celestiais, esses sim, destrincham nossa alma, expõem nossos ossos, nossas dores e instintos animais.
Mas o peregrino segue sua jornada, perdendo tudo, mantendo-se na estrada,
A única companheira sua, a rua, crua, inveterada resguardada de seus prantos, preservada de seus temores, desnuda de suas flores.

Nos becos da carne vermelha,é que se levanta a feiticeira, a bruxa, a vidente
Levanta na voz ausente, e prescreve a doutrina decente para a alma boa que quer partir.
Nos levantes constantes do sol de verão, nas montanhas cobertas da estação,
Em brados abertos de uma canção, a vida segue, a água busca seu mar,
A hiena busca o cadáver, o albatroz tenta voar.
O que se consegue é apenas uma íntima relação com a fé,
Numa cerimônia que tudo parece deixar.
Que a todos concede a prerrogativa de santo, santificar,
Por mais que isso pareça estranho, não será nem perda nem ganho a tentativa modificar.

Parece ignóbil, ignorância tardia em desaparecer,
Tantas luzes acesas para que as bênçãos possam aparecer, envelhecer,
Tenta rejuvenescer, alma velha e cansada, pela vida triturada, torturada, mas que hesita com suas forças extintas emudecer.
Traz consigo um coração cicatrizado, uma dor desajuizada e as marcas de um sonho que foi bom.
Lembra através disso de sua estrada da fé, onde nunca voou e sempre foi à pé,
Buscando serenamente a fonte das águas intelectuais, para beber de suas gotas numa forma que não há mais.
Tentou viver o dia, passou todo o verão, tentou guardar a bacia, se perdeu no ribeirão,
E por tudo o que fez, se lembra que nada foi bom, nada foi mal
Suas cicatrizes hoje, apenas o fazem lembrar que seu passado foi real.

2 comentários:

Heron disse...

Primeiro agradeço pelo elogio dado as minhas exposições no meu blog, é muito bom conversar contigo de novo.

Não há comentário que possa exprimir o que passa na cabeça de alguém que lê tais palavras. Em simples palavras, o mundo inteiro foi posto, altos problemas e diversidades que nos fazem pensar cada vez mais, sensibilizado fiquei quando li. Continue escrevendo também, pois com certeza alguém se adrentra em pensamentos quando le versos como esses.

Abraços, Heron

Thawanny Hale disse...

oiie estou seguindo seu blog!
entra no meu se gostar segue/ http://perfect-doll.blogspot.com/!! bjus