sexta-feira, 18 de julho de 2008

O MERCADOR


Compre-me e me guarde como escravo,
Tu és cravo, tu és rosa,
Tu és verso, tu és prosa,
Para que deitares assim?
Esqueça-te do medo e venhas mais perto de mim.
Quando tudo acabar, somente um anjo te dará a mão,
Talvez um anjo triste que não merecerá sorriso nem atenção.
Mas de qualquer maneira, serás sempre uma poesia,
Tenra e pura, de águas infinitas e brilho intenso.
Tu és um afresco onde se pintam as sublimes renascenças,
Tu és o perfume sentido e guardado à sombra dos parreirais,
E quanto mais penso, menos razão me dou.
Não sei o que me toma, não sei o que me come,
Não sei o que resta e nem o que me consome,
Mas sei que alguma coisa não está correta.
Tu fizeste o mal virar bem!
Tu fizeste da morte algo real!
Tu mataste comigo, e juntos vimos o mundo brilhar.
Estás entorpecendo-me a cada dia,
Estás envolvendo-me em tuas redes vazias,
E não há mais nada que eu possa fazer.

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