sábado, 26 de julho de 2008

26 de Julho de 1953

Em 26 de Julho de 1953, jovens cubanos liderados por Fidel Alejandro Castro Ruíz tentam de maneira frustrada tomar de assalto o Quartel de Moncada em Cuba. Era o primeiro foco do que mais tarde viria ser a Revolução Cubana. A data até hoje em Cuba é celebrada com ardor e exaltada como uma data que faz parte de um ideário de libertação nacional. De fato a Revolução quando aconteceu apresentava características de libertação. Cuba estava sendo um prostíbulo norte-americano. Em 1898 aconteceu a independência da Espanha e também a "transferência da metrópole" para os Estados Unidos. Em 1901 os E.U.A. assinam com Cuba a Emenda Platt, que dava direito aos yankees de intervenção política, econômica e militar na ilha. Em 1903 foi fundada uma base militar norte-americana em Guantánamo, uma das mais belas regiões da ilha. Essa base é mantida até hoje. Mas não quero transformar isso numa sucessão cronológica e entediante.
A questão central é: Na década de 50 Cuba precisava de uma Revolução nacionalista como a que aconteceu. Tão logo a tentativa de ataque a Moncada foi frustrada, muitos jovens foram presos, mortos, e alguns como Fidel e Raúl Castro foram exilados após a prisão. O retorno triunfante se daria em 1957, e a vitória da Revolução em 1959. Até aqui tudo bem. A questão é que o os tentáculos dos Estados Unidos já estavam cravados na ilha, e nenhuma tentativa de desenvolvimento nacionalista foi aceito pelos amigos do norte . Não foi Cuba que guinou para a União Soviética, mas os Americanos que a perderam. A Revolução teve no nacionalismo seu referncial inicial. Tanto é verdade que figuras reconhecidamente simpatizantes do comunismo como Che e Raúl foram afastadas do cenário público inicialmente. Mas diante da inflexibilidade norte-americana, Fidel Castro busca outras alternativas, até finalmente em 1961 (após tentativa de invasão da Baía dos Porcos, Bloqueio Americano e tentativas de sabotagem) declarar que era marxista-leninista, e que a Revolução tinha seu ar socialista.
Os rumos então começaram a ser definidos com a ajuda soviética. Os expurgos dos opositores, perseguição aos dissidentes, punições contra os que não concordavam com o regime. Mas o povo na sua maioria, ainda enebriado pelo gosto da liberdade, não percebia que a Ditadura de Batista estava sendo substituída pela Ditadura de Fidel, que agora atuava sob o lema: Revolução ou Morte.
Ditadura é sempre ditadura, não importa se de esquerda ou direita. A diferença é que na de direita as torturas acontecem em porões, e na de esquerda as praças de fuzilamento são públicas. E não me venha com seu marxismo ortodoxo defender a idéia de que não podemos pensar no individualismo mas sim na sociedade como um todo! Como diz meu amigo Maurício Scnheider, as três maiores conquistas da Revolução Cubana foram: saúde, transporte e educação, e as três maiores debilidades foram: café, almoço e janta. Não sou contra a liberdade dos povos, sou contra a ditadura estabelecida sob o ar de liberdade. Toda vez que alguém toma para si a responsabilidade de defender um povo, está tirando desse mesmo povo o direito de o fazer. E se você ainda vê com ar de heroísmo as ditaduras de esquerda, fique tranquilo, isso passa!

Um comentário:

Maya disse...

"E se você ainda vê com ar de heroísmo as ditaduras de esquerda, fique tranquilo, isso passa!"
Nossa, que encorajador, Che! Não dá nem chance para a nossa geração ter um pouco de fé! ;)

Mas eu concordo com você em relação a preferir o individualismo à sociedade. Eu não acho que os fins justificam o meio, mesmo que este fim seja o "bem" da humanidade...