terça-feira, 1 de julho de 2008

COTAS, OUTRA VEZ! (se puder, repasse)

Mais uma vez a palavra COTA está na boca dos vestibulandos. Particularmente, como cheguei a dizer em sala, eu não me interesso por esse assunto. Deixando a demagogia de lado (apenas por um instante, é impossível viver sem ela) é mister afirmar que como já terminei o curso superior e para mestrado ou doutorado não existe cota, esse tema está distante de mim. Não irei tirar proveito nenhum dele, então a luta não é minha, e não me venham com altruísmo cristão agora. Mas para não pairar no campo da ignorância, vou opinar sobre o assunto como um expectador que assiste desinteressado a um jogo entre times para os quais ele não torce. Na minha opinião, o assunto COTAS PARA ESCOLAS PÚBLICAS é uma tentativa do Governo Federal de isentar sua culpa diante da debilidade do ENSINO MÉDIO PÚBLICO. Ele está criando uma medida que remedia, mas não cura as causas do problema. Para não precisar investir pesado na melhoria da educação do nosso país, o governo está presenteando os alunos com um grande brinde: COTA. Isso numa primeira vista pode parecer algo benéfico, mas que apenas mascara a real situação das escolas de nosso país. O aluno da escola privada (trabalho apenas na rede privada de ensino, mas estou tentando ser imparcial) recebe um produto em condições melhores, isto é uma verdade e não adianta questionar. Salas mais equipadas, recursos em maior quantidade, possibilidade de buscar informações, profissionais que estão num mercado competitivo e por isso sentem a necessidade de aperfeiçoamento constante. Não quero com isso dizer que a escola pública não apresenta profissionais aptos e competentes, muito pelo contrário. Cursei todo meu ensino fundamental e médio em escola pública. Eu diria que seus profissionais, além de capacitados são heróis da resistência. São pessoas fantásticas que usam os parcos recursos de uma maneira brilhante, visando transmitir o conhecimento (claro que alguns estão fora dessa lista e são realmente ruins). Agora imaginem vocês se esses mesmos profissionais (os bons) tivessem a sua disposição uma gama de possibilidades? Se o governo realmente acreditasse na Educação Brasileira, aplicasse investimentos na mesma, com toda a certeza teríamos uma aproveitamento fora do comum.
Mas a realidade está distante desta proposta utópica acima apresentada. A rede particular investe pesado em sua estrutura, enquanto a rede pública é testemunha apenas do descaso governamental. E o pior de tudo, é que para isso não se tornar tão notório, o governo agora quer mascarar essa deficiência usando COTAS para as escolas públicas. Isso é vergonhoso. Isso é ultrajante. Por mais benefícios que possa trazer, ainda assim é exemplo de um descaso das estruturas políticas.
Que o governo torne as escolas públicas competitivas, que ele invista pesado na educação, que honre as verbas disponíveis e direcione as mesmas para equipar seus celeiros de grandes cérebros. Se assim o fizer, ele não precisará dar brindes, conceder presentes. Cada vez mais está parecendo um pecado ter condições de pagar pelo ensino no Brasil. Usando essa ideologia (forma de manobra de pensamento) o governo está provando que não governa o nosso país, mas prepara uma série de propagandas de resultados efêmeros, passageiros, e que não resolvem o nosso problema.

2 comentários:

Leila Sleiman. disse...

O sistema de cotas é o novo modo de segregação do século XXI.
Diante do desinteresse de investir na educaçao do povo brasileiro,os nossos governantes recorrem a façanhas como é o caso das cotas.

É imprescindível investimentos na precária educação pública,para que haja uma competência de acordo com os conhecimentos de cada indivíduo,e nao de acordo com cor,sexo ou classe social.
Pois,isto nada mais é que uma ''solução'' momentânea.

Como dizia Renato Russo,celebremos a estupidez humana,celebremos a juventude sem escola,nosso descaso por educação.

Leila Sleiman-Alfa Foz.

Anne Caroline disse...

Lamentavelmente, é tudo isso que você disse. Agora quem segura essa bomba somos nós, que ainda não prestamos vestibular. Se continuar desse jeito, não quero nem ver daqui a 2 anos, quando chegar a minha vez.
Mais uma vez, parabéns ao nosso governo.