
sábado, 31 de janeiro de 2009
A PEDRA QUE LANCEI

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
ADEUS! POR ENQUANTO VOCÊ NÃO PODE VOLTAR

Percebo nesse limiar de tempo que, foi bom enquanto foi verdadeiro, e foi verdadeiro enquanto durou. Por mais intenso que tenha sido, a cada passar de dia, eu percebia que era chegada a hora do adeus. Talvez não um adeus para sempre, quem sabe um até logo. Isso infelizmente eu não posso responder. Sei que carrego agora um olhar nostálgico em torno do que tenho em mãos. Sei que nosso próximo encontro, se houver, vai demorar. Por mais que digam por aí que o tempo passa depressa, temos que concordar que só concluímos isso quando ele já passou. Pude sentir você em cada dia vivido. Pude sorver de ti cada aroma noturno, como um enólogo que busca o sabor desconhecido e inexplorado da fruta que estuda.Agora contudo, temos que nos separar. Nada no mundo pode evitar isso. Eu até poderia viajar para outros continentes buscando por você, mas correria um sério risco de optar pela direção errada, e pôr um fim precoce em nós dois. Gosto de cada desejo satisfeito, de cada limite rompido, de cada cesto preenchido.
Lembro das tardes que passamos juntos, dos planos que fizemos, das ocasiões que criamos e de cada lugar que visitamos. E agora você se despede, e me deixa com tudo o que passou. Não é fácil, nem ao menos posso afirmar que é certo. Talvez seja um desses golpes desonestos que servem para destruir as expectativas de eternidade, que em vão buscamos criar. Essa despedida ganha força a cada novo dia, e hoje percebo que não há o que fazer, nem nada a dizer. Concluo a cada passar das horas que estou perdendo você. Não escape assim tão rápido, não me deixe assim tão só, entenda o que para mim é fácil sentir: que ao seu lado estou bem melhor. Lembro-me de ter lhe encontrado em meio às festas, brindes e comemorações. O dia da despedida, porém, acontece esquecido e despercebido numa folha que vai virar. O seu nome mudará, e mesmo que mude será sempre você. Já que não posso mais fazer nada, não quero perder esses últimos minutos contigo, despeço-me de você mês de janeiro, aguardando fevereiro, meu próximo amigo.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
UMA SOMBRA NO ESCURO

Tanto esforço desperdiçado, em tentativas frustradas de redenção. Redenção de que pecado? Talvez o pecado de ser diferente. O pecado de pensar e agir de uma maneira incompreensível. Culpado por gestos que não são comuns, e expressões que não querem dizer o que estou pensando. Como posso ser culpado pelo meu rosto que tem vida própria? Como posso controlar meu olhar, que livre como o próprio pensamento, busca a cada momento uma forma diferente de se apresentar? Sinto-me fracassado como entregador de felicidade. Sinto-me fracassado como construtor. Sou arquiteto de planos. Escrevo sobre dias, amores, paixões, vida, morte, tristeza, sorriso. Não consigo contudo, obter de minha teoria uma experiência prática e precisa. Sou orador de uma platéia vazia. Derrubo árvores que nunca ninguém viu, e construo florestas que nascem secar, por eu não saber como pintar as árvores e suas folhas. Cada dia procuro o lugar de onde caí, o mundo de onde vim, o caminho que unicamente eu posso seguir. Como é difícil dar a mão quando a tempestade derruba seus raios e faz com que a energia descarregada percorra nossos corpos, afastando as tentativas de aproximação. Não me mande para longe. Não peça para deixar você em paz. Tento me aproximar, tento conversar, mas encontro espinhos que me afastam. Não me lembro exatamente quando foi que passei a irritá-la com meu jeito. Tudo que faço parece que ganha outra conotação, tudo o que penso está preso ao passado e implora uma renovação. Sou o mesmo menino solto em pensamentos lendários, e mitos construídos numa esperança que está vendo todos diante de si morrerem, e ela percebe que está ficando só. Todos sabem o que acontece quando ela for a última. Nem a própria escapará. Não sei por onde começar, não sei qual a pontuação devo usar para essa frase. Não sei quantos parágrafos escreverei sobre o monólogo que virou meu coração. Entenda, eu não estou reclamando, entenda que estou apenas aflito. Quero entregar meu espírito, quero entregar meu corpo. Diga-me, quem estará lá para receber?
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
PASSOU

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
SINTA O QUE O MUNDO PODE LHE DAR

Quando olho para trás, (com o olho literal ou simbólico, não importa) penso em tudo que passou, vejo como são caudalosas as lembranças, e como se enquadram num contexto impossível de reviver, e improvável de relembrar, já que com o tempo, nossa memória se acostuma a nos pregar algumas peças. Quando tento saber para onde irei, percebo que não sei o destino, e para falar a verdade, nem faria questão de saber. A dúvida do meu próximo minuto me faz entender que pouco tempo me resta, por isso não posso desperdiçá-lo com coisas que não me interessam, valorizo então, muito bem os passos que agora me conduzem. São eles a única certeza que brinda minha taça de expectativas de um novo caminho.
Entendi que o que chamamos de vida, nada mais é do que uma sucessão de fatos e impressões vividas. Experiências, sensíveis ou não, nos fazem acreditar no continuísmo que nos apetece. Os sentimentos, felicidade e tristeza, por exemplo, tidos como verdadeiros, são apenas focos isolados de um mundo complexo. O que nos fará concluir se fomos felizes ou não, será justamente a continuidade e a periodicidade com que esses focos aconteceram. Comparo isso que estou dizendo, com aquela brincadeira infantil, de pegar um bloco de papel, e fazer um desenho com posições semelhantes em cada folha, depois, passa-las todas de uma vez, só para ver a imagem desenhada se movendo (alguns como Walt Disney até ganharam dinheiro com isso!). A imagem na verdade não se move, não há movimento num desenho estático, mas a sucessão de imagens semelhantes nos dá a idéia de mobilidade. Vejo nossos momentos dessa forma. Aparentemente independentes, sozinhos, mas que unidos a outros instantes nos dão a nítida impressão seqüencial. Não há tristeza ou beleza no desenho. Existe em nós a pré-disposição de efeito. O fato em si não é provido de sentido ou sentimento. Somos nós que imprimimos nas coisas a força que elas têm. Isso dá margem para um raciocínio longínquo e conturbado, e não estou disposto a desenvolve-lo. Não quero ser iconoclasta. Estou disposto a ser Aleijadinho, e construir santos, ou pelo menos mantê-los na cabeça de quem os tem.
Hoje estou meio pragmático, menos analítico, e talvez até superficial. Não quero saber a origem das coisas, não quero entender seus reflexos e suas conseqüências, quero apenas sentir o que é bom. Procurando a resposta para as coisas, percebi que me perdi em novas perguntas. Duvidei de tudo que vi, ouvi e senti, não percebendo que a dúvida estava me trazendo uma angústia indubitável. Descartes que me perdoe, mas as vezes acreditar faz bem, e não colocar tudo num plano cartesiano pode até ser satisfatório. Para que perder tanto tempo em falácias que mais parecem discursos de sofistas embriagados? Talvez na simplicidade das coisas diárias é que encontramos a resposta para aquilo que não ousamos questionar. Temos medo da simplicidade, como se com ela viesse abraçada a ignorância. Será necessário sofrer para ganhar ou constatar inteligência? Será necessário refletir para provar a própria existência? O que afinal estamos buscando nessa labuta diária? Hoje eu não sei, e afirmo que não me interessa saber. Sei que vivo, sei que escrevo, sei que amo. Qualquer um que ousar demonstrar numa tentativa simples que seja, que estou errado, será escorraçado, como Tieta fora por Jorge Amado em 1977, com uma diferença: Não poderá desfrutar do retorno triunfal. Não poderá dar o troco a Zé Esteves. Aliás, Zé Esteves se manifestará em todos aqueles que julgarem meus pensamentos como liberais e insanos demais. Como cantou Raúl: “Eu quero mesmo é cantar yê yê yê, eu quero mesmo é gostar de você, eu quero mesmo é falar de amor, eu quero mesmo é sentir seu calor”. E mais adiante ele continua dizendo “Eu quero mesmo é rimar amor com dor” É isso que hoje quero para mim. Uma experiência única de que a vida pode ser vivida apenas sentindo o vento soprar sobre meu corpo, trazendo o frescor das manhãs ensolaradas que se encontram aqui, ou no paraíso, que aguarda aqueles que foram simplistas o bastante para apenas acreditar.
sábado, 24 de janeiro de 2009
SINAIS DOS TEMPOS

Tornou-me transparente ao olho cego da verdade
A abelha rainha voou e não me trouxe o mel,
Trouxe-me a luz fosca que brilha na cidade.
Quando percebi em leito que o vermelho apareceu,
Pude sonhar refeito e repleto com minha comida,
Procurei saber se apenas vendo, você entendeu,
Um pouco do tempo, que passou da minha vida.
Em verdes tons que pingam eu corro para salvar,
Esta pele suja e vestida, de um pobre sonhador,
Antes eu insisti com mãos e braços para demonstrar
Que sou seu servo de gleba e você é meu senhor.
Em pé, aguardo a sentença de quem está sentado
Procuro livrar meus olhos do fogo que levantei,
Peço silencioso o peso de alguns trocados
Notas falsas e moedas de uma verdade que criei
A janela disse não, e continuei caminhando
Enquanto o sangue no céu permitia andar.
Não vivi a realidade, continuei sonhando,
Com um vermelho longo para poder ganhar
Do fogo queimando, fiz forno para meu pão,
Com a água da garrafa eu pude acender,
As labaredas de vida que se jogam no vão
Da vala que foi aberta para eu poder morrer.
E a sociedade segue desgovernada e aflita
Buscando a solução para que ela esqueça
Depois faz celebrações com champanhe e fita
Enquanto torce sincera para que eu desapareça.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
O VENENO DO AMOR

Fizeste um mar de histórias no jardim,
Fostes confundida com o pecado,
e agora recheado, o trazes para mim.
Adão fraco homem, não pôde suportar,
Eva em deleite de identidade se desfez,
Se não pudesses aqui no paraíso morar,
tentarias tua casa no próximo mês.
Magia, lascívia e maldade sei que tens,
Nestas mãos roubadas, que não são tuas,
Arrancas com a boca a puberdade do além
Deitando-te louca com garotas nuas,
Em cada verso trazes uma lança,
em cada gesto carregas uma canção,
Serpente perdida num olhar de criança,
garras roídas, ao invés de coração.
Nas frases soltas e sem nexo carregas
uma adaga lisa fora de sua bainha,
Nas idas e voltas há sempre quem negue,
uma paixão violenta que já foi minha,
Apenas no rastejo sorrateiro entendo,
A forma ampla e completa do teu passo,
Pegaste o andar ligeiro, antes gemendo,
Que hoje implora satisfeito pelo teu abraço.
Sei que por ti, figura pecadora,
Muitos pularam da ponte ao abismo,
Deixaram a própria alma sonhadora,
Lançando-se no purgatório, indecisos.
Perseguindo em vão teus tesouros,
Um pirata esquecido perdeu a embarcação
Não lutava por prata, diamante ou ouro,
Apenas implorava pelo toque simples de tuas mãos.
Jogaste quieta, assustada com o pecado
Usando de discrição e suprema maestria,
Transformaste em aceito o poeta renegado,
Em água quente, a piscina de lágrima fria.
Agora rastejas implorando pelo pouco
Aceitas quieta as migalhas que te dão,
Da voz aguda e afinada fiz-me rouco,
Perdi meus versos em poemas na imensidão.
Hoje sei mais do que nunca, que posso ver,
O futuro rejeitado, assim me reserva
Nunca serei homem para conhecer
Um amor de serpente no corpo de Eva.
AQUI JAZ UMA ALMA TOLA!

Incertezas, angústias, lamúrias, bagagens que caíram do vagão.
Nessa janela aberta do quarto de dormir pode-se sentir o véu,
Que cobre famílias sob o cinza, e transforma o dia em escuridão.
Pouco resta para o mochileiro solitário, o desbravador itinerante.
O semeador do campo viu que a seca viria e plantou outras sementes,
Colhe agora os frutos rebeldes da escolha que ousou fazer exultante,
Prova dos frutos secos, nascidos de árvores que não tiveram vertentes.
Tranqüilo, quieto e ofegante, se deleita diante do sol abrasador,
Busca os motivos loucos que provem ou justifiquem sua insensatez.
Quarto claro, quarto escuro, quarto crescente num vazio calor
A lua se encheu de loucura e num banho fino se desfez.
Na cadência que o tempo toma, logo haverá de desaparecer,
Lembra-se do mais antigo desejo, e anuncia em pé seu desprezo,
Pelos amores que sentiu, viu, e outros que evitou conhecer.
Tornou-se um questionador do espírito, de sua massa e do seu peso.
Nessa galeria fúnebre de lembranças tolas, seu mestre se fez coveiro,
Guardou as magníficas histórias, veias abertas de um passado recente,
Entregou a pá, o balde, o concreto, e deitado, enterrou vivo seu braseiro
Espera que a eternidade, nele guarde sua voz e seu espírito alimente.
domingo, 11 de janeiro de 2009
NÃO SOU, ESTOU ASSIM!

sábado, 10 de janeiro de 2009
O BANQUETE ESTÁ SERVIDO. COMEI, ISSO É O MEU CORPO!

Fiquem os infames com seus tesouros, e regurgitem para fora a fúria ressuscitada do seu ouro. Enquanto nós da cabeça cheia e bolsos vazios procuraremos em um mundo imaginário, a salvação para as almas do mundo, iludidos pelos livros, que são nosso refúgio para fugir do frio e nosso barco nesse mar profundo.
QUEM PUDER, ENTENDA!

Agora vai longe o peregrino, vai com os anjos, vai destituído de paz. Não se fez homem assassino, mas quem por ele se calar, com certeza falará mais. Eu me fiz idiota madrugada adentro, quando todos dormiam cultuando seu descanso, recortei o tempo e tornei meu corpo manso. Lamentando os exageros de um dia fadigado e lembrando o tempo que festejava, por meu coração ter sido roubado. Os avisos rondavam minha vida. Mas do bolo dessa alma querida, eu queria apenas um pedaço. Não me fiz ouvidos, não dei atenção, e agora eu choro diante da idéia de ter podido evitar o choro. Não bastou que o céu escrevesse um pergaminho para mim. Não foi suficiente as penas que caíram dos arcanjos celestiais. Mesmo assim eu pisei nos cacos de vidro! Em cada gota derramada do meu sangue, eu vi a terra ganhar cor. Seus grãos, antes soltos, viraram lama com minha vida despejada sobre sua superfície. Quando pensei que sabia caminhar, não imaginava um dia entender essa pura emoção. Era criança com meus discos de ninar, e me fiz adulto para pegar em sua mão. Fiz escola de letras que já foram escritas, e corri a maratona para lugar nenhum. Assim foi que me fiz pedra polida, assim foi que vi meu espírito despertar do seu jejum.
Como posso entender esse descaso pelo sangue derramado! Tantos sentimentos soltos em feridas abertas e um coração cicatrizado. Bem que tentei andar sozinho, mas o sino da igreja tocou, exigindo uma companhia para assistir a missa. Busquei a companheira para o acorde celestial. E ardi uma noite inteira nas labaredas acesas pela chama infernal.
Não queiram entender o que de mim saiu. São apenas folhas secas daquela árvore que caiu. Não serve para plantar, não serve para viver, só serve para sonhar e para algum louco ler.
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
REENCONTRO

Nessas horas em que a febre não passa, apenas o juízo encontra espaço para descansar. Distancia-se cada vez mais a hora de dizer adeus. Não há vontade suficiente para atravessar a rua, talvez marquem outro encontro para as duas, mas o posto está fechado, os cigarros acabaram e a cerveja foi cuspida, desperdiçada e tomada, num desejo de brincar.
Hoje o dia só traz os presentes tocados sob um mesmo som. Ali se constrói o futuro, e se percebe que o mundo é uma verdade do avesso, e não importa quantos exemplos se tem na coleção de endereços, sempre haverá lembrança para aquilo que foi bom. A justiça livre e antiquada, ardente se faz carta marcada, para seu momento de coroação. Quem é justo, senão a próprio amor distante? Que espera querendo, e não relutante, o momento de se aproximar outra vez.
CANETAS MÁGICAS

Não acredite que seus sentimentos são verdadeiros, eles quase nunca são. A incerteza, contudo, não deve impedi-lo de escrever o que sente. Veja-os como verdades passageiras, prontas para uma observação. O amor sobe e desce ladeiras, empurrado pelo motor fresco da paixão. Caso seja a vergonha, essa ridícula desprezada, que está lhe fazendo parar, olhe fielmente nos olhos dessa rameira, e acelere seus versos, que não precisarão de estética, rima, molde ou estilo, atropele aquela que quer lhe calar, e olhe para seu cadáver sem vela, sem caixão e sem ninguém para velar. Sua poesia o absolverá, e com toda a clareza e certeza, saberá que são versos de alma, versos de corpo, que não tem nada do que o classicismo tolo exige. Seu coração não é uma escola de poetas, e sua poesia não pode ter um aspecto que se distancia do que você quer. Muitos tentaram prender sentimentos em regras de concordância, deixaram nas grades dos métodos toda a inspiração genuína, que foi trocada por alguns centavos de rimas e quartetos com dez ou doze sílabas poéticas.
Conheça os pratos sortidos desse restaurante de impressões. Saiba a propriedade de cada comida, lembre-se, contudo, de fazer as combinações. Pratos prontos, são bons para executivos cansados da correria do dia-a-dia. Jovens com o espírito latente, devem ter a oportunidade de escolher como fazer sua refeição. Às vezes ela vem como esse prato que está diante de você. Aparentemente sem sentido, mas com uma vontade louca de transcender. Ir além do infinito das próprias palavras, criar uma imensidão nesse universo imensurável. Viajar em cada possibilidade apresentada por um momento, e explorar curioso onde se encontra calor no inverno. Em todo o deserto se encontra água. A vitória, ou não, sobre a empreitada, está acompanhado da intensidade do desejo de cavar, às vezes muito fundo, para encontrar as vertentes geladas, águas límpidas e sonhadas, e acima de tudo, vitais para a sobrevivência. Saiba que todos precisam dos sentimentos, todos precisam extravasar essa pressão contra o peito. O problema é que nem todos sentem coragem para fazê-lo. Aí morrem almas tristes, aí morrem poetas mudos, não deixaram sua impressão de vida, privaram a vida da sua impressão de mundo. O que você sente, não lhe pertence, pertence à humanidade. Faça a humanidade então saber, o caminho para seu próprio coração. Umedecido pelo orvalho fresco, plantado em solo fértil e aguardando a colheita por mãos preparadas, para que possa na longa jornada fazer acontecer. Grite ao mundo o que sente, grite aos outros sua memória, e se alguém ri do que fala, não se preocupe, não há lugar para ele nessa glória.
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
SEM MEDO

De caminhos duros, trilhas tortas de pedras certas.
Como a justa causa das palavras que se tornam seu lamento,
Atormentando os meses, os anos, sempre de olhos abertos.
A negativa do instante trouxe uma mágica dúvida sobre o doce,
Transformou-se num acorde leve, da melodia que a própria alma descreve.
Guarde seus segredos, verdadeiros focos que a paixão me trouxe,
Caso queira me matar, demore muito, não seja breve.
Demonstre seus abraços e beijos, verdadeiros caminhos da perdição.
Faça com que seus pés, essas lindas plantas coloridas,
Busquem em minha estrada, livre ou presa, os tons da perfeição,
Saberá então que pode depositar em mim a sua vida.
Não se preocupe com quem você conhece ou vai conhecer,
Escreva seu nome no céu, componha comigo uma lenda
O mundo se resume no único instante, que concordamos viver,
O Passado fica na memória viva de quem relembra.
Encoste seu sorriso em meus planos de vida
Abra seus lábios para que eu possa beijá-la,
Caso não possa me deixe só, alma esquecida,
Feche seus lábios depois, para não correr o risco de amá-la.
Veja o milagre do momento, onde só a mágica desperta,
Faça da sua rua o sentimento, e do seu amor meu ponto fraco.
Seja a água para a boca sedenta, numa rua lotada de alma deserta.
Não seja o medo, fonte das ondas que querem afundar o barco,
Não existem tempestades que possam trazer medo ao mar,
Na imensidão de seus mistérios você se provou infinita,
Nos tambores sonoros das músicas que criamos,
Percebi que não se pede com a boca o que o peito grita,
Nos ventos soltos do amor fiz de você oceano.
E amei você durante o dia inteiro, durante as horas mais bonitas.
DORME AGORA, É SÓ O VENTO LÁ FORA

O ar de meus pulmões cansados se precipitaram e tomaram o primeiro lugar.
Abriram-se as janelas do sono, e injustamente mostraram o acordar. Em palavras significantes que ouvi na noite densa, você me fez voltar para o lugar que eu estava abandonando.
Fiz-me jangadeiro num rio de margens distantes e pescador nas águas que rolavam de um romance, apenas para conduzir seu sono.
Fiz-me estampido seco do tiro aguerrido, e o grito alvoroçado do silêncio rompido. Não pude proteger, e peço desculpas por acordar.
Briguei com Morfeu, que me baniu do seu reino, com a fúria dos touros de Pamplona. Lembrei-me de Romeu, que por causa do amor à Julieta, teve que fugir, e guardar nos olhos sua Verona.
E agora que a noite ganhou um sol, sei que presenteio os pássaros do sono, que vagueiam no arrebol. Levarão para você o presente que eu não gostaria de dar. Anteciparão a vontade de dormir, para a hora que você não puder sonhar.
Ingratos amigos da noite só! Pratos e copos eu deixei, mas eles não me abandonaram, em meu estômago estragaram a boa noite que planejei! Gemendo calado, aguardo o as letras de um coração visceral.
Fosse a noite apenas minha, eu poderia fazer silêncio, discreto e coberto de clemência. Não posso, entretanto ficar quieto apenas, quando você também saiu de suas serenas e anulou aquilo que traz em essência.
Fechar seus olhos agora não posso,
A noite perdida quero devolver.
Em beijos doces e abraços fortes ofereço
Aquilo que conquistou em eterno
E trouxe ao mesmo endereço,
Um carinho simples de alguém que seus sonhos, deseja percorrer.
ISSO É LOUCO!

Finjo que não ligo para seu corpo solitário;
Quando o que eu mais queria era dividir sua dor,
Entregar para o mundo as lágrimas presas num aquário,
Sair em busca daquilo que poderia me dar calor.
Brinco com os jogos que eu mesmo criei,
Disparo balas de borracha contra o peito aberto.
Inutilmente tento respeitar aquilo que figura como lei,
Sem saber se estou agindo errado ou se estou errando certo.
Se descobrisse o preço que se paga pela solidão,
Eu saberia dizer há quantas horas me despedi,
Mas sem rumo certo, errei o caminho e a direção,
Você partiu prevenida e me deixou aqui.
Quisera eu ser dono do paiol da casa real,
Buscar as jóias raras para poder recordar,
Que não se acende o bem com a chama do mal,
Que não se fará verdade aquele que veio para enganar.
Continuo a encenação desse lance certeiro,
Interpretanto um homem livre e seguro,
Quando nessa vida, me fiz apenas seu carteiro,
Para o amor perdido, tenso, cego e surdo.
domingo, 4 de janeiro de 2009
ARTÉRIAS & VEIAS

É o tom da ternura, coberto com a fúria seca da ilusão
Num corpo novo, de pele dourada e cabelos lisos.
Ainda consigo sentir o ar soturno me despindo do juízo.
Suas mãos livres tocaram apenas o que eu pude notar.
Sua boca rosa se fez colorida, em cores que quero imaginar,
Mas não posso me deitar, sem antes dar adeus ao sonho
De uma falsa vertigem dentro da altura infinita que proponho.
Saltar, parece loucura. Pode até ser intenso, mas é louco.
Resta-me gritar à pele crua. Grito vazio a plenos pulmões, rouco.
Despi-la ainda quero, mesmo que seja apenas para ver,
Um olhar sincero, que surge mesmo quando erro, perto de você.
Quero ver a marca que o açúcar deixou em curvas.
Um doce encanto, mostrado branco, em meio a pele turva.
Suaviza a força, que explodiu em mantras sagrados,
Eterniza a escada, na busca da rota do céu estrelado.
E as alegorias de uma febre em pele de sabor,
Me dizem o quanto meu corpo ainda precisa de calor.
Eu posso nas passagens de uma paisagem sem lar
Buscar o balde, achar o poço, desenrolar a corda para sua sede matar.
ENTREGO-ME

Afoguei a tempestade nua, nesse corpo infernal.
Não sei se em fevereiro, março, abril ou maio
Eu escolhi a festa, tida como baile de carnaval.
Pedi pelos profetas, que evitaram a companhia,
Perguntei se voltariam ou tentariam aparecer.
Soube que seu suor ardente já pingou gotas frias
Limpando o corpo moribundo antes de morrer.
De um medo descabido, trago a dura sorte,
De ser esquecido, e ficar aberto na planta serena,
Enviado num escândalo que remete a morte,
Dos brados grandiosos de uma alma pequena.
Se faz agora um guardião, arauto de milagres
Que deixa tudo em lembranças e parte para viagem.
DESCULPE, TARDE DEMAIS!

Não poderei salvar e nem tentei.
Agora fecho os olhos e espero o ruir,
da terra se abrindo, e o mundo engolir.
Espaço milenar que a água nos deu,
Evaporou o sal formando um mundo meu.
E agora eu pergunto: Onde foi que errei?
Vendo o mundo perdido e a sina de sua grei.
Nunca houve esperança na tarde do sol poente,
Não houve quem pensasse em salvar a sua gente.
E por mais que eu tente claridade ir buscar,
Devo entender que agora é hora de descansar.
Na revolução intelectual eu tentei retroceder,
Violei minhas próprias regras e fiz acontecer.
Percebi que não faz sentido e é inútil descobrir,
São só vazios assombrosos na escala do existir.
É SÓ O FIM!

Embriagam-se e se perdem na chama ardente do mal.
Preparam as vítimas na terra, seu prato principal,
E esperam que o perdão na guerra lhes traga a vitória triunfal.
Não amam seus abraços, apenas apertam seu flagelo de dor.
Não guiam seus passos pelas noites infinitas do terror.
Mas a atormentam o espaço infinito da lua, beija-flor
Numa tépida trama de atos, inventados no vazio do amor.
Na solidão da fornalha aberta de um fogo dourado,
Esperam a condenação dada pelo filho abençoado,
Suas pernas já estão flácidas e seus pulmões cansados,
e os olhos lacrimejam pelo fim triste e atordoado.
Não poderia ser diferente desde que assim nasceu,
Lamberam as labaredas eternas de um truque que já foi meu.
E nas esperanças subalternar de um amigo que cresceu,
Aguardam o dia do juízo para entregar o meu presente e o seu.
CASTIÇAIS DE AREIA

Agradecer o quê? Agradecer as guerras que vocês criaram? Agradecer a segregação que vocês impuseram? Agradecer a ciência? Se não me engano, foi a evolução dessa mesma ciência, que lançou as bases de um movimento chamado Renascimento, tão exaltado em seus valores ocidentais. Esquecemos-nos, porém, que foi esse mesmo movimento, a base para uma das teorias mais horríveis de todos os tempos: O Eurocentrismo, ou etnocentrismo. Sim, um bando de arrogantes com mal hálito, vestidos em trajes de gala, que os tupiniquins teimam em imitar, eles se julgaram superiores do mundo e no mundo. Em virtude disso tentaram trazer para América a “colonização”, julgando serem os portadores da verdadeira civilidade. Agradecemos pelos genocídios em nossas terras. Agradecemos pelos metais roubados, pelas penas queimadas, pelos humanos dilacerados.
Ao mundo, na década de 40, um nome foi dado como algoz: Adolf Hitler, quando ele foi apenas um produto de toda uma carga intelectual, posta e consentida há muitos anos. Ele expressou o pensamento de quase toda uma Europa, desejosa por construir um outro império Romano, mas sem Caracala, apenas com Adriano. E não me venham os sensacionalistas apelarem dizendo que ele praticamente exterminou um povo. Isso não é verdade. Dentro da soma total dos mortos por Hitler se encontram: Ciganos, Negros, Portadores de necessidades especiais, Eslavos, Homossexuais, e todos aqueles que ele não considerava pertencente ao grupo “puro”. Mas podemos continuar acusando e culpando um crime que já completou 60 anos? Então vamos voltar no tempo e acusar a Inglaterra pela segregação racial na África do Sul, vamos voltar mais alguns anos e culpar Portugal e Espanha pelos massacres contínuos em terras americanas, vamos culpar os protestantes que foram em busca da terra da liberdade na América do Norte, e para alcançá-la privaram milhares de nativos de suas propriedades. Nessa volta contínua no tempo, veremos que sempre foi o poder que ditou as atitudes justas ou não. Então, não me venham com falsa filosofia, já que essa representa apenas uma crise moral na qual vivemos.
sábado, 3 de janeiro de 2009
SURGINDO DA TERRA VIVA

Sempre vivo, sempre eterno, sempre sereno. É o preço que se paga pela certeza do estar bem agora. Não venha antes do previsto, porque terás em seu ventre, saudade, um peso mal visto. Não queira aquilo que não se viveu ainda, pois correríamos o risco de perder o caminho já pensado. Pensado de maneira desordenada, por meio de conflitos mal resolvidos, mas estabelecidos na vontade genuína de viver. Não importa se no primeiro, no segundo, ou no terceiro dia da criação, o importante é que a imagem divina da perfeição se estabeleça cada vez mais em todos os lugares. Não importa se na beleza de um jardim inteiro, ou na solidão interrompida de um banheiro, o importante é que os lampejos da vida continuem alimentado o alarido dos bons sons.
A saudade, às vezes é uma escravidão e uma dor que não queremos, ou uma mágoa pelo tempo que não foi aproveitado, quando por um temporal do destino, saímos correndo, e deixamos a idéia de algo não terminado.Não sei quanto durará, nem ao menos se chegará, mas sei que sentiremos.
As maneiras e formas aprendidas foram todas esquecidas numa bolsa fechada, deixada numa esquina qualquer. Esteve lá, imperturbável, até ser acordada e posta em pé, para que diante da prova de fogo, fosse forjada no calor da batalha. A batalha das conversas, das poesias, das músicas, das histórias. Batalhas que viraram uma guerra, e permaneceram vívidas na memória. Cada vez mais adentrando no território inimigo, pude transformar em abrigo, as letras transitórias. Procurei o espetáculo vivo, o picadeiro aceso do circo, o trapezista e sua corda.Tudo que encontrei contudo, foram palhaços rindo da própria desordem, com suas maquiagens borradas pelas lágrimas do riso, e transformadas em carne fresca que os cães mordem.
Esse desajuste entretanto, não é idéia rara, antes porém, se faz crer que apenas uma sala, pode eternizar os nomes e manda-los para o além. Os sofás ficaram para trás, a televisão não continha mais canais, e a mesa posta apenas estava alta para observar animais. Nessa selva proibida, alguém fugiu e se deixou como fera ferida. Caçada pelas veias abertas da saudade, que também liberta, mas que procura, chama, clama, clama pela chama acesa da sua loucura. Loucura de idos, vindos e idades, loucura que também em sua mistura trará saudades!
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
SENTENÇA: CULPADOS PELA PRÓPRIA MORTE!

Calo-me por saber que não serei ouvido. Certo estou de que minhas mãos irão segurar uma flor, muito antes que outras mãos larguem suas armas, carregadas pela ignorância de não saberem viver como verdadeiros homens.
FASCINAÇÃO

Alguém, algum dia acreditará nos meus versos? Versos testemunhados pela madrugada, pelo dia e pela noite. Verdadeira estrada, em que andei, buscando uma forma fina, talvez morfina, para me acalmar e me curar por inteiro. Procurei em cada um deles, meu nome, mas encontrei o seu. Achei-o perdido em letras, outrora inexpressivas, gravadas em fino metal. Tentando entender o que havia achado, desperdicei meu tempo, que não tem hora, por isso segue o instinto da vontade, e minhas ilusões foram assim convertidas na realidade de um simples leitor. As realidades antigas, que chamamos de passado, se desfizeram diante de um presente tão bonito. Seu nome é uma ilha, mas não em minha boca, e sim na língua de outros homens. Homens que lutaram contra os mouros, que tomaram Granada, que se uniram e se tornaram fortes. Seu fim é o prefixo do me prazer. Se eu dissesse já haver beijado, esse rosto jovem, com toda a certeza seria caçoado, e chamado de poeta louco, desvairado, pois só o céu, creriam eles, pode tocar uma boca tão aperfeiçoada. Mal sabem eles que o céu, é tumba fria, e que você, ao universo, se mostra pela metade. A outra parte, porém, guardas num recôndito, no além, naquele cofre, para onde rumam todos os segredos, os que eu imagino, e os que eu nem sei. Assim encontrei você, toda esbaldada na própria ternura, e sem reconhecer a inteligência que possui, mas pronta para viver todas as aventuras que propus. Perdendo-se em seu mel, cativando essa pobre criatura, e cuidando desses lábios que seduz. Fosse eu um vendedor de sonhos, venderia para você o sonho mais encantador: o sonho dos dias e noites eternos. Faça do seu desejo fome saciada, torne seu instante vívido e profundo. Reafirme o roteiro encenado, e crie apenas mais um mundo. Façamos o mundo parar de girar, para que se possa entender essa necessidade do toque, essa necessidade de sonhar.
Tudo estava contido em seu nome, a ilha, a beleza. Percebi, que tudo que escrevia, parecia apenas uma canção distorcida, para um amigo a beira da morte. Assim entendi que matei minhas idéias quando resolvi coloca-las no papel, e fiquei sem palavras quando descobri o que queria dizer. Até tentei andar sozinho, quieto e mudo, mas caí diante da dor, que as feridas mau curadas trouxeram.
Você, que ao seu olhar se alia, inflama a própria carne, se torna lenha pura, e cria fome, onde fartura havia, mas reconheço que você é um fino ornamento para o mundo. Enlouqueça-me a cada aparição. Ao meu lado, nos meus sonhos, e ao me dizer que horas são. Não me envolva demais, apenas o suficiente para que seus pequenos braços entrelacem suas mãos. Para que sua cabeça, abaixo da minha, encoste-se a meu peito e escute meu coração.
Tudo estava contido em seu nome, a ilha, a beleza. Percebi, que tudo que escrevia, parecia apenas uma canção distorcida, para um amigo a beira da morte. Assim entendi que matei minhas idéias quando resolvi coloca-las no papel, e fiquei sem palavras quando descobri o que queria dizer. Até tentei andar sozinho, quieto e mudo, mas caí diante da dor, que as feridas mau curadas trouxeram.
Você, que ao seu olhar se alia, inflama a própria carne, se torna lenha pura, e cria fome, onde fartura havia, mas reconheço que você é um fino ornamento para o mundo. Enlouqueça-me a cada aparição. Ao meu lado, nos meus sonhos, e ao me dizer que horas são. Não me envolva demais, apenas o suficiente para que seus pequenos braços entrelacem suas mãos. Para que sua cabeça, abaixo da minha, encoste-se a meu peito e escute meu coração.
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
ANTES DO JANTAR

Ao perceber que as paredes dessa casa;
Ganharam as formas da parede de um lar
Você me fez, nesse instante, querer ter asas.
Seu corpo nu resplandece como o sol da manhã
Como o espelho cheio de reflexos, no armário;
Eu queria mordê-la como se prova uma maçã
Pena que nesse dia nublado, não perdemos o horário.
Desfile sempre sua pele em escândalo;
Fale dos filmes, enquanto penso em sua forma,
Puxe-me e me faça correr, quando ando.
Torne-me um transgressor, esquecendo minhas normas.
E agora que as gotas quentes me chamam,
Faço destas as palavras de amor, me despeço.
Acalmo as vozes que dentro de mim clamam,
E lembro do seu corpo curvilíneo e convexo.
SOB A INSPIRAÇÃO DO AGENOR

Tentar esquecer o sonho meu amor;
Você esteve no céu,
Vi nas estrelas seu valor,
Abri meus olhos e senti o seu calor.
Pra que fazerdo de alvo o coração,
Para saber das minhas intenções?
O seu doce é de mel,
Meu pólen ficou na flor.
Sem você não vejo se ela já brotou.
Eu proferi meus sonhos, sonhador.
Deixei de ser menino sem pudor.
Não atenda o telefone meu amor, e,
Pode deixar que eu chamo o elevador.
Era você que eu via,
Nessas noites tão vazias
Quando acordava como telespectador
Você andava apressada,
Eu tive medo do calor,
A mina seca, mas o rio já me tocou,
Abri meus olhos e vi o meu amor.
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