sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

SENTENÇA: CULPADOS PELA PRÓPRIA MORTE!

Cantei a canção perdida, tranquei as frases lidas, entoei os versos das composições que me fizeram chorar. Penso que meu espírito foi condenado por ser realista demais, e quando eu achei que tivesse a cura, vi a doença refletida na água que iria beber, e o bebê se afogou no próprio espelho molhado. Sepultei meninos vivos, e revivi defuntos podres, quando abri o jornal e vi pessoas tirando a vida uma das outras. Será que eles não sabem que os sinos dobram para todos? Será que ainda não concluíram que ao matar alguém, estamos matando parte da humanidade? Não adiantou Hemingway falar, muito menos essa voz rouca, que ocupa o corpo que agora escreve, conseguirá mais do que ser ouvido por alguns poucos. O mundo está se transformando naquilo que ele não queria e repudiava. Os heróis de ontem, nem todos morreram de overdose, muitos são os algozes de hoje, pessoas informadas na própria ignorância, tentando conquistar terras, governos, políticas, e desprezando a fronte nua do seu irmão. Estou conhecendo a cultura cuspida pelo povo e escarrada pelas elites. Somos esculpidos em Carrara. Nossa atualidade está tão passada, que poderia ser comparada a décadas que se foram, e prendemos nosso passado aos interesses do presente. Aí penso que Nietzsche pensou bem, quando supôs que a única maneira de acabarmos com todos os problemas, é acabando com aquilo que origina os problemas: a própria vida. Então, concluo que se eu me matasse, com certeza estaria matando a pessoa errada. E o que se ouve são lamúrias vindas de moribundos andantes. Corpos andrajosos que empunham fuzis, que lançam bombas e destroem parte de si.Montados em seus cavalos apocalípticos, todos entoando a sua história sobre o seu deus verdadeiro! Acho que vou matá-lo por causa do seu deus. Absurdos gloriosos que vislumbram a vontade do criador! A humanidade está destruindo o nome que eles criaram, e hoje Deus estaria mais contente com os ateus que com seus professos defensores. E não há quem escape do julgamento das almas. Primeiramente as lutas pelo Jordão, as destruições daqueles que não adoravam Jeová, a fixação de um reino fraco nas terras que outrora pertenceram a outros povos. Milênios de distância e assassinos armados com uma cruz no peito estupraram a ordem e a decência, e capitularam diante de outra veemência ou demência. Mais séculos adiante, e outros viram seus irmãos padecendo, e elevaram aos céus seu egoísmo pleno, e não se importaram em perder. E agora estamos todos sendo vítimas do que acontece. Podemos não estar envoltos na guerra, mas nossos olhos são condenados a ver os horrores do ser humano. Confesso que cheguei bem perto de pensar que alguns não são daqui.
Calo-me por saber que não serei ouvido. Certo estou de que minhas mãos irão segurar uma flor, muito antes que outras mãos larguem suas armas, carregadas pela ignorância de não saberem viver como verdadeiros homens.


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