
Tanto esforço desperdiçado, em tentativas frustradas de redenção. Redenção de que pecado? Talvez o pecado de ser diferente. O pecado de pensar e agir de uma maneira incompreensível. Culpado por gestos que não são comuns, e expressões que não querem dizer o que estou pensando. Como posso ser culpado pelo meu rosto que tem vida própria? Como posso controlar meu olhar, que livre como o próprio pensamento, busca a cada momento uma forma diferente de se apresentar? Sinto-me fracassado como entregador de felicidade. Sinto-me fracassado como construtor. Sou arquiteto de planos. Escrevo sobre dias, amores, paixões, vida, morte, tristeza, sorriso. Não consigo contudo, obter de minha teoria uma experiência prática e precisa. Sou orador de uma platéia vazia. Derrubo árvores que nunca ninguém viu, e construo florestas que nascem secar, por eu não saber como pintar as árvores e suas folhas. Cada dia procuro o lugar de onde caí, o mundo de onde vim, o caminho que unicamente eu posso seguir. Como é difícil dar a mão quando a tempestade derruba seus raios e faz com que a energia descarregada percorra nossos corpos, afastando as tentativas de aproximação. Não me mande para longe. Não peça para deixar você em paz. Tento me aproximar, tento conversar, mas encontro espinhos que me afastam. Não me lembro exatamente quando foi que passei a irritá-la com meu jeito. Tudo que faço parece que ganha outra conotação, tudo o que penso está preso ao passado e implora uma renovação. Sou o mesmo menino solto em pensamentos lendários, e mitos construídos numa esperança que está vendo todos diante de si morrerem, e ela percebe que está ficando só. Todos sabem o que acontece quando ela for a última. Nem a própria escapará. Não sei por onde começar, não sei qual a pontuação devo usar para essa frase. Não sei quantos parágrafos escreverei sobre o monólogo que virou meu coração. Entenda, eu não estou reclamando, entenda que estou apenas aflito. Quero entregar meu espírito, quero entregar meu corpo. Diga-me, quem estará lá para receber?
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