sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

AQUI JAZ UMA ALMA TOLA!

Nem o sol, nem a chuva, apenas nuvens se desenrolam pelo céu.
Incertezas, angústias, lamúrias, bagagens que caíram do vagão.
Nessa janela aberta do quarto de dormir pode-se sentir o véu,
Que cobre famílias sob o cinza, e transforma o dia em escuridão.

Pouco resta para o mochileiro solitário, o desbravador itinerante.
O semeador do campo viu que a seca viria e plantou outras sementes,
Colhe agora os frutos rebeldes da escolha que ousou fazer exultante,
Prova dos frutos secos, nascidos de árvores que não tiveram vertentes.

Tranqüilo, quieto e ofegante, se deleita diante do sol abrasador,
Busca os motivos loucos que provem ou justifiquem sua insensatez.
Quarto claro, quarto escuro, quarto crescente num vazio calor
A lua se encheu de loucura e num banho fino se desfez.

Na cadência que o tempo toma, logo haverá de desaparecer,
Lembra-se do mais antigo desejo, e anuncia em pé seu desprezo,
Pelos amores que sentiu, viu, e outros que evitou conhecer.
Tornou-se um questionador do espírito, de sua massa e do seu peso.

Nessa galeria fúnebre de lembranças tolas, seu mestre se fez coveiro,
Guardou as magníficas histórias, veias abertas de um passado recente,
Entregou a pá, o balde, o concreto, e deitado, enterrou vivo seu braseiro
Espera que a eternidade, nele guarde sua voz e seu espírito alimente.

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