sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

FASCINAÇÃO


Alguém, algum dia acreditará nos meus versos? Versos testemunhados pela madrugada, pelo dia e pela noite. Verdadeira estrada, em que andei, buscando uma forma fina, talvez morfina, para me acalmar e me curar por inteiro. Procurei em cada um deles, meu nome, mas encontrei o seu. Achei-o perdido em letras, outrora inexpressivas, gravadas em fino metal. Tentando entender o que havia achado, desperdicei meu tempo, que não tem hora, por isso segue o instinto da vontade, e minhas ilusões foram assim convertidas na realidade de um simples leitor. As realidades antigas, que chamamos de passado, se desfizeram diante de um presente tão bonito. Seu nome é uma ilha, mas não em minha boca, e sim na língua de outros homens. Homens que lutaram contra os mouros, que tomaram Granada, que se uniram e se tornaram fortes. Seu fim é o prefixo do me prazer. Se eu dissesse já haver beijado, esse rosto jovem, com toda a certeza seria caçoado, e chamado de poeta louco, desvairado, pois só o céu, creriam eles, pode tocar uma boca tão aperfeiçoada. Mal sabem eles que o céu, é tumba fria, e que você, ao universo, se mostra pela metade. A outra parte, porém, guardas num recôndito, no além, naquele cofre, para onde rumam todos os segredos, os que eu imagino, e os que eu nem sei. Assim encontrei você, toda esbaldada na própria ternura, e sem reconhecer a inteligência que possui, mas pronta para viver todas as aventuras que propus. Perdendo-se em seu mel, cativando essa pobre criatura, e cuidando desses lábios que seduz. Fosse eu um vendedor de sonhos, venderia para você o sonho mais encantador: o sonho dos dias e noites eternos. Faça do seu desejo fome saciada, torne seu instante vívido e profundo. Reafirme o roteiro encenado, e crie apenas mais um mundo. Façamos o mundo parar de girar, para que se possa entender essa necessidade do toque, essa necessidade de sonhar.
Tudo estava contido em seu nome, a ilha, a beleza. Percebi, que tudo que escrevia, parecia apenas uma canção distorcida, para um amigo a beira da morte. Assim entendi que matei minhas idéias quando resolvi coloca-las no papel, e fiquei sem palavras quando descobri o que queria dizer. Até tentei andar sozinho, quieto e mudo, mas caí diante da dor, que as feridas mau curadas trouxeram.
Você, que ao seu olhar se alia, inflama a própria carne, se torna lenha pura, e cria fome, onde fartura havia, mas reconheço que você é um fino ornamento para o mundo. Enlouqueça-me a cada aparição. Ao meu lado, nos meus sonhos, e ao me dizer que horas são. Não me envolva demais, apenas o suficiente para que seus pequenos braços entrelacem suas mãos. Para que sua cabeça, abaixo da minha, encoste-se a meu peito e escute meu coração.

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